CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    26/11/2013

    Delegado diz que vereador estava na cidade em dia de curso fora que 'inflou' salários

    Câmara Municipal de Ribas do Rio Pardo, MS - Divulgação

    O delegado de polícia Reginaldo Salomão, que investiga o caso dos vereadores de Ribas do Rio Pardo – distante a 97 km de Campo Grande, suspeitos de usar certificados de cursos para ‘inflar’ salários, diz ter informação de que vereadores não estariam nos locais das aulas. A polícia e o MPE (Ministério público Estadual ) apuram denúncia de que o Isap (Instituto Sul Brasileiro de Administração Ltda) estaria expedindo certificados sem que os vereadores fossem efetivamente aos cursos.

    Conforme Salomão, a empresa que tem sede em Toledo, no Paraná, estaria fornecendo esses certificados, porém, há fortes suspeitas de que os vereadores estariam em lugar diverso no dia do curso.

    “Tenho comprovado até agora de que não foram até um dos locais que informaram. Não de todos, mas de um com certeza, porque no dia que deveria estar no curso se envolveu em uma briga”, conta o delegado.

    As investigações para qual a polícia colabora, tem como objetivo instruir uma ação civil pública, proposta pelo MPE, após recebimento de denúncia. A informação é de que os vereadores estariam usando a ‘manobra’ para aumentar o salários de R$ 5,9 mil para mais de R$ 10 mil mensais, além de supostas licitações fraudulentas, contratos que seriam irregulares e até a possibilidade da existência de funcionários comissionados fantasmas.

    O caso na cidade está tão grave que até uma vereadora foi pega em flagrante, exigindo parte do salário de uma servidora de volta. Dois dos cinco vereadores que teriam viajado até Curitiba-PR foram até a delegacia, mas exerceram o direito de ficar em silêncio.

    Ribas tem cerca de 22 mil habitantes e a Câmara de vereadores recebe R$ 303 mil mensais em duodécimo, ou R$ 3,6 milhões por ano.

    Outro lado

    O advogado dos vereadores e do funcionário, Eduardo Cury, nega todas as acusações sobre os cursos. Para ele, as denúncias estão ligadas a questões políticas. “Como toda cidade pequena as questões políticas são brigas bastante acirradas. Está tudo tranquilo, temos os certificados, os detalhes da empresa eu não sei por que eu não fui em Curitiba, isso não é a minha função. O que importa é que eles tem a efetiva realização do curso, que são os certificados”, declarou. A respeito do acusado que estaria na cidade, Cury disse que não há registro de ocorrência que prove a informação.

    A reportagem entrou em contato com o dono do Isap, Edimilson Dias Barbosa, conhecido como Dudu. Ele informou que oferece os cursos desde desde 2009 em Mato Grosso do Sul, não só para Ribas, mas para dezenas de outras cidades. “Inclusive acabei de chegar de Campo Grande, onde a gente fez um curso para veredores no hotel Turis todo mês”, declarou.

    Sobre a investigação de Ribas, Dudu informou que tomou conhecimento essa semana e que nesta terça-feira (26) iria responder o ofício 486 do MPE da cidade sul-mato-grossense. “Isso chegou pra mim hoje. Se tem alguma irregularidade, a empresa não tem conhecimento. O que eu posso garantir é que o curso foi realizado em Curitiba, no hotel Garden”, explicou.

    Dudu figura em investigação do Gaeco do Paraná, por supostamente ter participado de 'esquema' na câmara de Cascavel. Ele seria um dos assessores fantasmas contratados pelo então vereador Julio Cesar Leme da Silva.

    O caso

    Uma operação especial apura irregularidades em recebimento de diária por meio de certificados falsos, além de diversas irregularidades como possível contratação de funcionários de gabinete ‘fantasmas’, contratos irregulares e licitações fraudulentas.

    O foco das investigações é o pagamento de diárias por cursos que os vereadores teriam realizado na cidade de Curitiba, no Paraná, entre os dias 19 e 22 de junho desse ano.

    Teriam participado das ‘aulas’ o presidente da Câmara, vereador Adalberto Domingues (PRTB), Fabiano Duarte da Silva (SDD), Claudio Roberto Siqueira Lins (PTdoB), Célia Rodrigues Ribeiro (PSDB), Justino Machado Nogueira (SDD) e o funcionário Cacildo Pedro Camargo.

    O MPE solicitou comprovantes de hospedagem utilizados para fazer o pagamento das diárias, mas o presidente - passando por cima da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Transparência - informou que a Mesa diretora desobrigou os vereadores de apresentar os comprovantes, por meio de decreto.

    Como a câmara de Ribas paga valor fixo de R$ 750 para diárias no Estado e R$ 1,5 mil para fora de MS, os vereadores receberam R$ 30 mil ao todo, ou R$ 6 mil cada em apenas quatro dias, praticamente dobrando o salário de R$ 5,9 mil mensais.


    Fonte: Midiamax
    Por: Diana Gaúna


    ----