CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    23/09/2013

    Pedido de cassação do relator da CPI do Calote foi feito por funcionários de Bernal

    Foto: Divulgação
    Funcionários do prefeito Alcides Bernal (PP) entraram na última sexta-feira (20) com pedidos de cassação do mandato do vereador Elizeu Dionízio (PSL). Um dos documentos foi protocolado na Câmara e outro no MPE (Ministério Público Estadual) alegando que a câmara teria pago pouco mais de R$ 3 mil, em anúncios para uma revista de propriedade de Elizeu. Para o vereador, as denuncias teriam como pano de fundo 'ordem do Bernal'.

    Os pedidos de cassação foram protocolados por Silvano Venâncio de Carvalho no MPE e por Carlos Roberto Pereira, Milton Milhomem Santos Filho e Wender Fernando Alves na Câmara.

    Elizeu foi o relator da CPI do Calote e apresentou uma lista de irregularidades e ilegalidades praticadas pelo prefeito quanto a pagamento de fornecedores da prefeitura. Com base nesse relatório o prefeito pode ser cassado e perder o mandato.

    Conforme o Diogrande, de 5 de junho de 2013, Silvano é funcionário da prefeitura, nomeado para exercer o cargo em comissão de Assessor-Técnico III, símbolo DCA-6, na Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais. Além dele, Carlos Perereira foi nomeado no mesmo dia também para exercer o cargo em comissão de Assessor-Técnico III, símbolo DCA-6, na Secretaria Municipal de Governo e Relações Institucionais.

    No caso de Milton, a reportagem apurou que ele seria pai do assessor do prefeito, identificado como Mário Márcio Milhomem. Outro dado é que Milton teria sido candidato a vereador pelo PT em 2012 e atualmente seria funcionário do gabinete do deputado estadual Amarildo Cruz (PT).

    Os pedidos protocolados tanto no Ministério Público quanto na Câmara afirmam que Elizeu é sócio-proprietário da Neteser Ltda, empresa que teria recebido dinheiro da Câmara para veicular anúncios de publicidade. A Neteser teria sido declarada pelo próprio vereador, quando registrou sua candidatura no TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

    Conforme o documento, no mês de junho a Neteser teria recebido R$ 1.440,00 e em julho outros R$ 1.760,00, totalizando R$ 3,2 mil.

    De acordo com o artigo 27 da LOA (Lei Orgânica Municipal), os vereadores não podem desde a posse “ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada”, sob pena de perder o mandato.

    A reportagem conseguiu contato com Silvano, que disse que o fato de ser funcionário de Bernal não tem relação com a denúncia.

    “Quer dizer que agora porque eu trabalho na prefeitura não posso mais me indignar por ele ter usado dinheiro de verba indenizatória para pagar o jornal dele? Não foi o Bernal que mandou, fiz de forma independente. Não tem nada a ver eu ter uma nomeação. Sou cidadão”, frisou.

    Outro lado

    Procurado pela reportagem, o vereador Elizeu disse que não tem dúvida que esses pedidos de cassação são ‘orquestrados’ pelo prefeito Alcides Bernal, que não aceita o trabalho de fiscalização feito pelo parlamentar.

    “Entendo que todas as armas que ele (Bernal) puder usar para atacar meu trabalho de fiscalização ele vai usar. Tanto para descaracterizar e dar descrédito para o trabalho que estamos fazendo. Mas eu continuo trabalhando tranquilo porque Campo Grande merece uma cidade melhor”, declarou.

    Para Elizeu, o prefeito deveria gastar seu tempo para melhorar a vida dos cidadãos, cuidando dos ‘calotes’ que deu, das carnes que não foram entregues, do sobrepreço da comida das merendas, do gás.

    “Isso é o que ele tem que discutir e não tentar me descredenciar. As minhas ações são e serão vinculadas a uma melhor gestão pública, com transparência. E faço isso de cabeça erguida. É muito ruim no primeiro dia de uma data festiva como a primavera, ver o prefeito sair em rede nacional porque se apropriou de dinheiro de uma senhora que está em uma cadeira de rodas”, concluiu.

    Fonte: Midiamax
    Por: Diana Gaúna
    Foto: Divulgação