CAMPO GRANDE (MS),

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    27/01/2013

    Renan confirma candidatura após denúncia de Gurgel

    Ao defender-se da denúncia do procurador-geral da República, considerada suspeita e “política”, senador reclama que ação só foi protocolada “exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a Presidência do Senado”

    Em nota, senador admite, pela primeira vez, que disputa
    a presidência do Senado -Foto: 
    Moreira Mariz/Ag. Senado

    O silêncio, enfim, acabou. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), denunciado pelo Ministério Público no caso dos “bois de Alagoas”, admitiu oficialmente pela primeira vez que é candidato à presidência do Senado. Ao enviar nota à imprensa para se defender das acusações de Roberto Gurgel, noticiadas em primeira mão pelo Congresso em Foco, o parlamentar criticou o momento em que o Ministério Público apresentou a ação ao Supremo Tribunal Federal. “A denúncia foi protocolada exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a Presidência do Senado Federal”, afirmou Renan, por meio de assessores.

    Na nota, o senador afirma que a acusação de Gurgel “padece de suspeição e possui natureza nitidamente política”. “O inquérito é de agosto de 2007 e, apesar de se encontrar parado na Procuradoria da República desde fevereiro de 2011, a denúncia foi protocolada exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a Presidência do Senado Federal”, criticou Renan. “Trata-se de atitude totalmente incompatível com o habitual cuidado do Ministério Público no exercício de suas nobres funções.”

    Antes da nota de ontem, Renan nunca admitira ser candidato ao Senado. Trabalhando reservadamente, o senador se limitava a dizer à imprensa apenas que o PMDB estava “unido” e que certamente haveria um candidato do partido. Agora, proposital ou inadvertidamente, o líder do PMDB se expõe publicamente para uma disputa marcada para a próxima sexta-feira (1º). Seus adversários, até o momento, são Randolfe Rodrigues (Psol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT).

    Na nota, o senador relembra que, como mostrou o Congresso em Foco, foi ele mesmo quem pediu à Procuradoria Geral da República que o investigasse. Diz que forneceu os documentos “verdadeiros” além de papéis sobre seus sigilos bancário, telefônico e fiscal. Na verdade, Renan gostaria que a apuração a inocência no caso dos bois. Na nota de hoje, o senador disse esperar que o Supremo o julgue “num ambiente de imparcialidade”.


    Notas frias


    Em 2007, quando era presidente do Senado, Renan foi acusado por Mônica Veloso, sua ex-amante, de usar dinheiro do lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, para pagar suas despesas com a pensão do filho e do aluguel da jornalista. Para comprovar que tinha condições de arcar com os gastos sozinho, o senador apresentou notas fiscais de vendas de bois. Mas a Polícia Federal apontou que aqueles documentos não garantiam recursos para quitar a pensão. Também afirmou que os papéis não comprovavam a venda de gado. Havia a suspeita que as notas eram frias. O caso levou o senador a deixar a presidência do Senado, cargo que agora volta a postular.

    Houve crise no Senado. A empreiteira Mendes Júnior – apontada como a fonte de recursos de Renan para pagar a pensão da jornalista – executou uma obra no Nordeste que recebeu uma emenda do senador na Lei de Diretrizes Orçamentárias. A suspeita chamou atenção para outra. Houve seis denúncias no Conselho de Ética contra Renan. Em duas, o plenário analisou se cassaria seu mandato, mas ele escapou.

    Todavia, o senador teve de renunciar ao cargo de presidente da Casa para garantir a sobrevida política. Em 2008, “mergulhou”. No ano seguinte, já era líder do PMDB no Senado. Desde 2012, costura sua candidatura nos bastidores. E ontem à noite, lançou-a oficialmente ao ver seu nome relacionado com o escândalo que levou à sua derrocada em 2007.


    A íntegra da nota
    Maceió (AL), 26 de janeiro de 2013.
    NOTA À IMPRENSA
    A matéria divulgada na edição da revista Época desta semana deforma a verdade, repetindo vazias e antigas denúncias.  É, no jargão jornalístico, matéria requentada. O teor da conversa envolvendo o servidor Everaldo França Ferro, já divulgado em 2007, não contém indicação de práticas impróprias e nem sequer foi valorizado pelo Ministério Público no inquérito da chamada Operação Navalha. O senhor Adeilson Bezerra não é nem foi assessor do Senador Renan Calheiros ou foi por ele indicado a qualquer cargo no governo de Alagoas.
    O Senador Renan Calheiros jamais foi investigado na Operação Navalha, conforme declarações, em 2007, da relatora do processo no Superior Tribunal de Justiça, Ministra Eliana Calmon, e do então Procurador-Geral da República, Doutor Antônio Fernando.
    Sobre a denúncia do Procurador-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal, noticiada hoje, é preciso observar que ela padece de suspeição e possui natureza nitidamente política. O inquérito é de agosto de 2007 e, apesar de se encontrar parado na Procuradoria da República desde fevereiro de 2011, a denúncia foi protocolada exatamente na sexta-feira anterior à eleição para a Presidência do Senado Federal. Trata-se de atitude totalmente incompatível com o habitual cuidado do Ministério Público no exercício de suas nobres funções.
    É importante reiterar que foi o próprio Senador Renan Calheiros que solicitou as investigações ao Ministério Público e à Receita Federal. Ele mesmo forneceu espontaneamente os documentos – todos verdadeiros – além dos sigilos bancário, fiscal e telefônico. É o maior interessado nessa questão. O Senador Renan Calheiros lamenta a injustificável demora e agora a acusação, já julgada pelo Senado Federal, também será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, num ambiente de imparcialidade.
    ASSESSORIA DE IMPRENSA

    Fonte: congressoemfoco
    Por: Eduardo Militão e Mário Coelho