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    08/01/2017

    ARTIGO| Um Feliz 2017

    *Por: Waldir Guerra

    Que o ano de 2017 seja o da virada para todos os brasileiros! Este é meu desejo ao começar o novo ano. Porém, com minhas desculpas, pois duas coisas desagradáveis que apareceram nesta primeira semana de 2017 serão debitadas a 2016 porque não estou conseguindo aceitá-las como sendo deste ano novo. 

    A primeira foi o massacre dos presos em Manaus, aliás, os massacres porque houve mais um também com dezenas de mortos em Roraima. 

    Acordar no dia primeiro de janeiro com uma notícia dessas é muito ruim. Prefiro pensar que ainda seja o rescaldo do ano 2016. Pensando bem, deve ser isso mesmo, porque só há uma coisa pior do que a economia deixada pelo governo de Dilma Rousseff, a situação prisional do país. Essa questão ainda continuará sendo uma tragédia humana por muito tempo e que ninguém espere conserto imediato – ainda mais sabendo que os presídios viraram territórios comandados por facções criminosas.

    O sociólogo, Darci Ribeiro, fundador da Universidade de Brasília e membro da Academia Brasileira de Letras prognosticou em 1982: “Se os governadores não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios”. A previsão dele deu errada porque o brasileiro é bonzinho e aguentou não 20, mas 35 anos. 

    A segunda coisa ruim desta primeira semana foi saber que uma escola de samba do Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense, vai desfilar na Sapucaí anunciando tema relacionado com a “demonização do agricultor” que “exploram indígenas”, “usam agrotóxicos” – como explica Dirceu Gassen, professor e membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável. 

    A agricultura no Brasil é a principal força propulsora nesta fase ruim da economia nacional, não é justo demonizar os produtores rurais. Dirceu Gassen lembra que o Carnaval tem origem na alimentação farta, na bebida, na diversão e nos prazeres. Diz aos que apreciam a cerveja no carnaval, precisam lembrar que a bebida tem origem na cevada produzida por um agricultor que plantou a semente, cultivou, protegeu contra pragas e doenças que lembrem que o agricultor ficará apenas com 0,72% dos R$5,00 reais de uma latinha de cerveja consumida por um folião. Os R$4,96 restantes ficam com o governo e os comerciantes.

    No começo do governo Lula, no ano de 2004, a esquerda representada pela ministra Marina Silva tentou proibir o plantio de sementes de soja transgênicas no Brasil. Fiz críticas aqui neste espaço à atitude errada dos petistas tentando frear, inclusive, pesquisas da Embrapa com essa finalidade. A Embrapa teve que obedecer, pois era – e ainda é – um órgão do governo federal, mas os agricultores, não.

    Lembro que o então governador do Paraná, Roberto Requião, político ligado à esquerda, numa atitude insensata, bem ao seu temperamento explosivo, proibiu a exportação de soja transgênica pelo porto de Paranaguá, causando sérios prejuízos aos produtores rurais. 

    Hoje nem se pergunta quanto se planta de soja transgênica porque isso não tem mais importância. A esquerda esqueceu esse assunto, mas continua atacando os produtores rurais e o agronegócio. É o “nós” contra “eles”, coisa criada por Lula. 

    Quanto à escola de samba Imperatriz Leopoldinense, penso que é puro desconhecimento da realidade. O que não causa espanto porque carnavalescos não têm muito a ver com agricultura, pecuária e mesmo o agronegócio. 


    Para completar, é bom lembrar que na abertura da Olimpíada de 2016 os agricultores não foram sequer lembrados pelo seu esforço na construção do Brasil; nem mesmo os colonizadores europeus que vieram para substituir os escravos – estes, sim, muito bem lembrados.

    Então, um Feliz ano de 2017 – que aqui sempre começa depois do Carnaval.


    *Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. (wguerra@terra.com.br)


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