Após incêndio, organização criou espaços que lembrem ambiente de CTG.26 casais heterossexuais e 1 homo-afetivo irão celebrar matrimônio às 16h.
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| Com bandeira gay e decoração tradicionalista, Fórum é preparado para casamento (Foto: Estêvão Pires/G1) |
O Fórum de Santana do Livramento, na Região da Campanha do Rio Grande do Sul, recebeu na manhã deste sábado (13/9) uma decoração colorida. O objetivo: celebrar a aceitação de um casal gay em um ambiente tradicionalista. O gesto tenta recriar o Centro de Tradições Gaúchas (CTG), segundo a organização, que foi incendiado na noite de quinta-feira (22/9). O local receberia um casamento coletivo tendo entre os noivos um casal homossexual.
Uma bandeira do movimento LGBT foi deixada em frente à mesa do juiz, ao lado de adereços com as cores da bandeira do estado. Já na entrada do prédio, vestimentas típicas da indumentária celebrada na cultura gaúcha foram afixadas. O casamento coletivo estava originalmente marcado para o CTG Sentinelas do Planalto, mas acabou sendo transferido para a tarde deste sábado. A mudança do evento ocorreu depois que a responsável pelo matrimônio, juíza Carine Labres, organizou um mutirão para resconstruir a sede da agremiação.
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| Juíza Carine Labres acompanha preparativos do casamento (Foto: Estêvão Pires/G1) |
Segundo ela, o mau tempo e as questões estruturais do galpão evitaram a manutenção do casamento no local. Ao chegar ao fórum para acompanhar os preparativos, por volta das 11h30 desta manhã, a magistrada também anunciou que irá oficializar os casamentos trajada com um “vestido de prenda".
"É para reforçar o combate à homofobia no tradicionalismo. Foi um sacrifício. Será um grande evento diante de casais que não se acovardaram. Não vamos nos calar .Os diretos das minorias estão garantidos", disse ela ao G1.
Um dos responsáveis pela decoração, o assessor da juíza Leonardo Flores, ressaltou que o formato do matrimônio está carregado de valor simbólico.
“Como não conseguimos fazer no CTG, tentamos ao máximo fazer que um ambiente tão solene, como o salão do júri, ficasse com cara de festa de casamento, e que se privilegiasse as cores da bandeira do Rio Grande do Sul. A bandeira LGBT também será um símbolo do evento”, enfatizou Flores.
De acordo com o assessor, a associação do casamento coletivo ao ativismo dos direitos humanos é bem recebida pelos demais casais heterossexuais.
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| Após incêndio em CTG, casamento coletivo ocorre neste sábado (Foto: Estêvão Pires/G1) |
"Fizemos uma reunião com todos eles e a doutora [juíza Carine Labres] perguntou se haveria objeção, mas todos apoiaram a ideia. Inclusive foram lá tentar reconstruir o CTG", afirmou, enquanto trabalhava nos preparativos.
O matrimônio ainda reunirá autoridades. Para as 15h30, está prevista a chegada da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti. Já estão na cidade, o presidente do Tribunal de Justiça gaúcho, José Aquino Flôres de Camargo, além da secretária estadual de Justiça e Direitos Humanos, Juçara Dutra Vieira.
“Viemos dar solidariedade à iniciativa da juíza. Não queremos ser reconhecidos como estado racista e homofóbico, queremos ser conhecido por nossas características, mas tolerante às diferenças. O episódio teve uma repercussão negativa lamentável, precisamos superar e que fique apenas nessa conjuntura”, avaliou a titular da pasta.
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| Moradores da cidade opinam sobre casamento coletivo (Foto: Estêvão Pires/G1) |
O assunto também repercute nas ruas do município com menos de 85 mil habitantes. "Acho que é ignorância colocar fogo por causa de uma coisa dessas. Acho que cada um sabe de si”, avaliou o aposentado Florindo Martins de Loma, 57 anos.
Trajado com as indumentárias típicas gaúchas, Loma falou, porém, que o uso de Centros de Tradições para casamentos homo-afetivos pode significar problemas na segurança. “Concordo com a mudança para o Fórum. No CTG partiram para a ignorância. Fica bom assim", completou.
Do G1 RS, em Santana do Livramento/JE
Por: Estêvão Pires
Por: Estêvão Pires
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