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    21/09/2013

    Jô Soares assume ser chorão, diz não ter vontade de voltar ao humor, fala da eterna luta contra a obesidade e revela estar solteiro, mas não sozinho

    Jô garante não sentir solidão: “Essa área do amor, para mim, está preenchida” Foto: Zé Paulo Cardeal/ Rede Globo/ Divulgação


    Apresentador, humorista, ator, comediante, diretor, escritor, jornalista, produtor, artista plástico. Aos 75 anos de idade, José Eugênio Soares é um dos maiores showmen brasileiros. Há 13, desde que estreou seu “Programa do Jô”, tem a missão de “não deixar o telespectador ir para a cama sem ele”. Mas, se invade a privacidade dos seus convidados no talk show que abre as madrugadas da Globo de segunda a sexta-feira, o Gordo demonstra um certo desconforto quando o entrevistado é ele. Sempre discreto quanto a sua vida particular, raramente concede entrevistas. Na última semana, no entanto, recebeu a Canal Extra para acompanhar os bastidores da gravação de seu programa e baixou a guarda num bate-papo rápido, mas revelador. “Uou!!!”

    Rotina de trabalho

    “Por semana, são três dias de gravação. Às segundas e terças-feiras, matamos seis dias de programa (um fica de reserva, para imprevistos) e, às quartas, deixamos só para os números musicais, porque demandam um tempo grande para serem bem-feitos. Geralmente, na quinta-feira, volto a pegar nas pautas, fazemos reunião por conferência. O importante num programa deste é você estar ligado a semana inteira: assuntos que podem ser chamados, coisas que foram ditas... Quando dá tempo e eu estou a fim, também dirijo peça, escrevo livro, faço exposição de pintura. Mas meu foco é o programa”.

    Volta ao humor

    “Não tenho vontade. Já faço muita graça no programa, nos intervalos, com os convidados. Sou um comediante, transmito isso. A falta que eu poderia sentir (do passado) seria a do teatro, da presença da plateia, mas eu também tenho isso aqui. E os meus personagens estão todos hibernando... Deixa eles lá, quietos! Nesse tempo todo, não surgiu nenhum que eu tivesse vontade de fazer. Às vezes, comento que uma ou outra coisa que eu digo daria um tipo, mas não tem mais como. Já fiz mais de 200 personagens! A vantagem desse programa é que ele se renova diariamente. Cada dia é uma surpresa”.


    Jô com o seu Sexteto, num dos momentos de humor do programa
    Foto: Ricardo Martins/ Divulgação/ 12.07.2000


    De olho neles

    “Ainda quero entrevistar, por exemplo, os ministros do Supremo Tribunal Federal. Já entrevistei o (Joaquim) Barbosa, o Marco Aurélio Mello, mas gostaria de conversar com outros. Agora, de personalidades do mundo artístico, o Lima Duarte. Que eu me lembre, ele nunca veio ao programa. Mas ele pode vir em qualquer momento! Quando quiser, as portas estão abertas. Por enquanto, o Lima “mandou o lima” (a expressão “mandar o Lima” tem origem no meio artístico musical e é usada quando um músico da noite falta a um compromisso). Brincadeira! O Lima nunca cancelou nada, não... É que, realmente, ainda não deu”.

    Sentimental demais

    “Eu sou muito emotivo, um esculhambado mesmo... Choro com muitos convidados (no dia desta entrevista, Jô ficara com os olhos marejados ao assistir ao músico Hamilton de Holanda tocando bandolim), choro até vendo comédia romântica em casa! Esses dias, chorei que nem uma vaca com o filme ‘Calendar girls’, incrível!”

    Choro até vendo comédia romântica em casa
    Jô Soares

    Nervosismo no ar

    “Me emociono muito, mas ficar nervoso... Acho que só aconteceu no primeiro programa que fiz. Você nunca sabe, né? Como diz (o diretor) Max Nunes, programa de televisão é igual a avião: você só sabe se vai funcionar quando está no ar. Esse negócio de nervosismo é até engraçado, porque tenho amigos meus há 30 anos que ficam agitados quando sentam no sofá. Juca de Oliveira, por exemplo, ficou supernervoso. E Bibi Ferreira, vejam só! Realmente, não entendo. O bom é que ninguém se dá conta de que o programa é gravado; que, se falar uma bobagem, é só parar. Nem eu penso nisso, deixo passar batido”.

    Solteiro, sim; sozinho, nunca

    “Costumo dizer que tive dois casamentos e meio. Fiquei casado com a Theresa (Austregésilo, atriz) por 20 anos, estive com a Silvia (Bandeira, atriz) durante dois, morando junto, e com a Flavinha (a designer gráfica Flávia Soares), por mais de 15. Mas com ela foi um grande encontro, uma separação que não deu certo. A gente se encontra, senão diariamente, semanalmente. Estamos sempre juntos, nos falando. Então, essa área do amor, para mim, está preenchida. O que não exclui um namoro aqui e outro ali, isso é outra coisa... Mas, em nenhum momento, me sinto só. Não sinto solidão. Posso estar sozinho, mas não solitário”.

    Jô Soares e a ex-mulher Flávia Soares: amor eterno 
    Foto: / Claudio Augusto/ Photo RioNews


    Na cama com Jô

    “Tem sábado que eu passo inteiro na cama. Ligo para a Flávia e digo: ‘Tô numa depressão hoje...’. Escuto dizer que as pessoas que estão deprimidas não saem da cama, mas eu acho ótimo ficar lá. Se é assim, tem dia que eu estou deprimidíssimo lendo, vendo TV... Adoro seriados, sobretudo os ingleses”.

    Ousadia e alegria

    “Depois de 54 anos de profissão, de contato com o público, esse público já é meu, de casa. Tenho liberdade de fazer perguntas e brincar com os entrevistados que nenhum outro entrevistador tem. Isso começou ainda lá nos primeiros programas, ousando com os políticos. Lembro de uma vez em que entrevistei o Quércia (Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo), que disse: ‘Não, eu não tenho o rabo preso’. Fiquei a entrevista toda olhando para trás da cadeira dele, vendo se era verdade ou não. Tem coisas que falo sem pensar, com uma desfaçatez... Mas não é ofensa. Acho que nunca ofendi ninguém”.


    Nos anos 70, com 160kg
    Foto: Reprodução do livro A Arte do Encontro, de Paulo Garcez


    Eterno Gordo

    “A luta do gordo é constante, porque o gordo engorda, esta é a tragédia. Meu peso atual tem dois dígitos. Sem querer, comecei a ser vegetariano, porque adoro legumes. Minha alimentação de base são legumes assados ou refogados e queijo. O feijão gelado com azeite, de madrugada, é imbatível, só que não dá mais. Eu me permito outros pecados: chocolate, biscoito Palmier, sorvete, massa. E pão com manteiga! Quando saio da dieta, a primeira coisa que quero é sanduíche. O difícil de quando você sai da dieta é a volta. Levo de cinco dias a uma semana para voltar. Mas volto, tenho que voltar! É uma luta diária. Gordo é que nem um ‘alcoólatra sólido’. Quando a roupa não cabe, é o pré-suicídio. Já cheguei a pesar 160kg, perdi 80kg, mas não fui estimulado e fui engordando tudo de novo. Isso, lá na década de 70. Há pouco tempo, estava com 127kg, baixei para 99kg e estou segurando. Vario entre 99kg e 105kg, mas não tenho problemas de saúde devido ao excesso de peso. Nem colesterol, nem glicose”.

    Na TV e no teatro

    “Por enquanto, a ideia é continuar com o programa na TV e cuidar da peça ‘Três dias de chuva’ (dirigida por ele, com Carolina Ferraz no elenco, em cartaz em São Paulo). Cinema, não. Há muito tempo que não. Dirigi um filme (‘O Xangô de Baker Street’, de 2001, baseado em seu próprio livro, homônimo) em que também atuei, mas tomou um ano inteiro. Não tenho tempo”.

    Fonte: Extra
    Por: Naiara Andrade