CAMPO GRANDE (MS),

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    29/01/2011

    Adolescentes em semiliberdade têm apoio e proximidade da família para ressocialização

    Campo Grande (MS) – Educação, trabalho e um contato mais próximo com a família fazem parte da rotina dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas em regime de semiliberdade na Capital. A UNESL  (Unidade Educacional de Semiliberdade) )Tuiuiú é a unidade que recebe os adolescentes que estão nesta modalidade de socio-educação. Segundo a diretora da Unei, Ramona de Almeida Oliveira, a função do regime de semiliberdade é levar o jovem a se reinserir na sociedade de forma monitorada e com a participação efetiva dos familiares. “Tudo para que ele repense, reflita na sua atitude até agora, com o apoio da equipe da unidade que dá todo o suporte que ele precisa”, diz a diretora, que também é assistente social e especialista em família e políticas públicas.
    Atualmente quatro jovens cumprem medidas socioeducativas na UNESL Tuiuiú, que tem capacidade para abrigar até 16 jovens. A unidade é masculina e somente no último semestre atendeu a 23 garotos entre 15 e 18 anos. Nesta modalidade de socio-educação os jovens seguem para a unidade somente para dormir. As atividades escolares e trabalho são feitas fora. “Os adolescentes devem estar matriculados em uma escola e quando eles têm uma oportunidade de trabalho também são liberados, porém tudo é acampado por uma equipe multidisciplinar. Acompanhamos de perto todas as atividades dos nossos adolescentes fora da unidade”, explica Ramona.
    Além de frequentar o ensino regular em escolas, os adolescentes são incentivados a trabalhar: “Alguns têm a oportunidade com algum familiar que pode empregar este jovem. Nestes casos nós nos reunimos com o empregador familiar e colocamos todas as regras e exigências às quais ele está sendo responsabilizado. Aqueles que não trabalham participam de atividades voluntárias com parceiros nossos, como o asilo São João Bosco, por exemplo”, diz.

    Todos os jovens que seguem para a semiliberdade também recebem o aporte para a confecção de documentos que ainda não têm e acompanhamento médico. “Porque assim estamos ensinando sobre cidadania, que é muito importante na ressocialização”, aponta. Documentos essenciais como carteira de identidade e de trabalho foram os mais providenciados para adolescentes nos últimos seis meses: 39,1% de todos os atendidos de julho a dezembro de 2010 tiveram o RG providenciado; já a carteira de trabalho foi confeccionada para 34,8% dos jovens que chegaram à semiliberdade.
    Rotina
    Os adolescentes que seguem para a UNESL Tuiuiú receberam progressão de pena do sistema Judiciário. De acordo com a diretora, Ramona Oliveira, os jovens têm a rotina de fazer a arrumação e a faxina de seus dormitórios todos os dias pela manhã, antes de irem para a escola ou trabalho. “Depois, quando voltam para dormir também devem fazer esta atividade, mantendo sempre limpo e organizado este que é o lugar onde eles moram”, diz. O horário estipulado para o recolhimento dos re-educandos é entre as 17 e 18 horas dos dias úteis.
    Durante o período de férias os jovens são incentivados a participar de atividade em grupo, esportes e palestras. “Além do lazer oferecemos também qualificação e trabalho voluntário para preencher este período que eles estão sem aulas”, explica.  
    Nos fins de semana há um regime diferenciado: os jovens podem sair um fim de semana sim e outro não durante o primeiro mês na semiliberdade. Após o período de 30 dias, aqueles que têm bom comportamento, estão frequentando a escola regularmente e trabalham ou fazem algum curso podem ir para casa todos os sábados e domingos. “É uma forma de aproximá-los ainda mais da família, garantir a eles este convívio”, comenta a diretora.
    Quando a família quer a participação do adolescente em alguma atividade durante a semana ou em fins de semana que o jovem não vai sair da unidade, os responsáveis devem assinar um termo de responsabilidade pelo reeducando. O documento deve ser cumprido, garantindo até mesmo o horário da volta do adolescente. “Queremos que a família participe integralmente de tudo”, garante Ramona.
    De acordo com a diretora, regularmente cada adolescente permanece seis meses no regime de semiliberdade. Há uma avaliação trimestral de cada um deles, que é repassada ao sistema Judiciário, que decide o destino do jovem após o período na UNESLTuiuiú. Conforme os dados do último semestre, mais de 60% dos jovens atendidos receberam alvará de soltura.