CAMPO GRANDE (MS),

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    29/09/2017

    'Não fiz com eles o que eles fizeram com Dilma', diz Maia sobre governo

    Presidente da Câmara também afirmou que apoio a Temer, durante votação de denúncia, não está garantido: 'Muito difícil'

    © Antonio Cruz/Agência Brasil
    O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a falar sobre o apoio dado a Michel Temer, quando da primeira denúncia contra o presidente, apresentada pela Procuradoria-Geral da República, em junho último.

    À época, o peemedebista foi acusado de corrupção passiva e conseguiu barrar a denúncia, durante votação no plenário da Câmara. Com isso, o processo foi arquivo e só poderá ter prosseguimento quando o mandato de Temer acabar.

    "Vou dizer claramente, sem nenhuma vaidade: se eu tivesse deixado o DEM sair (do governo) com o PSDB, o Michel tinha caído", afirmou Maia, em entrevista ao jornal Valor Econômico, divulgada nesta sexta-feira (29).

    As declarações ocorrem às vésperas da segunda votação contra Temer, dessa vez por obstrução da Justiça e organização criminosa. Foi a última "flechada" de Rodrigo Janot à frente da PGR.

    Ainda sobre a decisão dos deputados de não afastar o presidente, Rodrigo Maia reafirmou que não tem intenção de assumir à Presidência do país, e por isso mesmo trabalhou em prol de Temer, ao contrário do que políticos ao redor da ex-presidente Dilma Rousseff fizeram.

    "Não fiz com eles (governistas) o que eles fizeram com a Dilma. Talvez por isso essas mentiras criadas, para tentar criar um ambiente em que eu era o que não prestava e eles eram os que prestavam", disse o deputado, em referência aos boatos que chegaram a circular, à época, sobre ele estar no comando de uma possível articulação para derrubar Michel Temer.

    "Como eles (governistas) fizeram desse jeito com a Dilma, talvez imaginassem que o padrão fosse esse. O meu padrão não é o mesmo daqueles que, ao redor da presidente, comandaram o impeachment da Dilma", completou, imputando à ala dura do PMDB a culpa por disseminar essa corrente.

    Sobre a nova denúncia, que atinge não apenas o presidente mas dois de seus ministros, Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-geral, Maia não deu garantias de que se esforçará, da mesma forma, no cenário atual. Demonstra que a relação entre DEM e o PMDB, de fato, ficou estremecida, após líderes do partido do presidente da República, inclusive o próprio, "entrarem em campo" para convencer dissidentes do PSB a se filiarem à legenda.

    O DEM procura ampliar sua base na Câmara e já estava sondando os políticos, mas perdeu a "batalha" para o governo, que atraiu os parlamentares alinhados com as reformas pretendidas pelo Planalto.

    "Desesperado, Michel pediu para jantar aqui comigo para esclarecer que era mentira (a tentativa de atrair dissidentes do PSB). O presidente do PMDB (senador Romero Jucá) ligou para o presidente do DEM (senador Agripino Maia) para dizer que eles não tinham nenhum interesse nos parlamentares do PSB e o que estamos vendo é outra coisa. E o Romero, depois dessa denúncia, continuou fazendo a mesma coisa. A relação do PMDB com o DEM hoje é muito difícil", admitiu Maia.

    O presidente da Câmara ainda criticou a presença de dois importantes peemedebistas na filiação do ministro de Minas e Energia, Fernado Bezerra Coelho: os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha. Segundo Maia, o gesto significa uma "posição do governo".

    "Como o presidente do PMDB e o próprio presidente da República falam uma coisa e o partido faz outra? E os ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha vão à filiação do Fernando Coelho respaldar que aquilo é uma posição do governo? Eles são muito corajosos", ironizou. "Um deputado do DEM pode pensar: 'Por que eu vou me meter nesse desgaste se o governo quer prejudicar meu partido?'", completou o presidente da Câmara.

    Fonte: NAOM


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