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    06/09/2017

    ARTIGO| “Distritão”, o bicho-papão?!

    Por: Ruben Figueiró*
    Não entendo o porquê a fórmula engendrada no forno maquiavélico da Comissão Especial da Câmara dos Deputados seja considerada indigesta ao paladar das próximas eleições para a renovação de valores daquela Casa, como das vinte e seis assembleias legislativas e da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Evidente que a proposta ameaça interesses daqueles que sempre se beneficiaram do voto de legenda, ou proporcional, e se elegeram na garupa de potrancos mais velozes na conquista da eleição; outros, muitos daqueles provindos de ambientes radicais em termos ideológicos, alcançaram posições eletivas, como carrapatos sugando o prestígio daqueles de concepções dogmáticas antípodas a deles. 

    Ressalto. O sistema conhecido por “distritão” não é absolutamente perfeito para o exercício da pureza democrática. Pessoalmente, sempre defendi o sistema distrital puro, o único que expressa com maior nitidez a vontade do eleitor, que mantém sempre à vista o desempenho de seu representante, que, portanto, pode por ele (eleitor) ser julgado na eleição seguinte. Não descartaria, porém, o sistema distrital misto, que, ao que me parece, tem a preferência da classe política e de setores importantes dos formadores da opinião pública. Entretanto, no momento político tumultuado por que passa nosso País, pela urgência para que se defina até o prazo fatal de sete de outubro qual o método que possa substituir o arcaico voto por legenda, não há outro caminho se não o indicado pelas circunstâncias, ou seja, o remendo do “distritão”.

    Para contraditar as “virtudes” do “distritão”, seus críticos alegam que ele está sendo criado para privilegiar os atuais parlamentares, reelegendo-os. Entendo isso como uma falácia, porque os que atualmente têm assento nas câmaras legislativas, na condição de mais votados, constituem uma minoria, os quais não atingem nem um terço delas. A maioria foi eleita de cambulhada pelo voto legenda. Ademais, pelo que se sente do clamor “enfurecido” do eleitorado em razão do desastre que foram as administrações “lulo-petistas”, pela revolta que brota das consciências lúcidas de cada cidadão (ã) contra os escândalos que a cada dia surgem, sobretudo, pela ação avassaladora da Operação Lava Jato e dela decorrente, os ventos eleitorais sopram para uma renovação do quadro político ampla, geral e irrestrita. Poucos se salvarão do vendaval, não importa qual o sistema eleitoral a ser adotado. 

    Sempre existirão os “puxadores de votos”, os quais independentemente de seus méritos, ou de seus deméritos, possuidores de longo fôlego eleitoral, serão sempre os primeiros na cancha, não importa que o piso seja de legenda, distrital puro, distrital misto ou “distritão”. No momento, a pista razoável é a do “distritão”, que, convenha-se, parece, mas não é um bicho-papão.

    PS.: Já estava lavrado este escrito quando surgiu, da imaginação criativa dos que procuram uma taboa de salvação da hecatombe eleitoral prevista para 2018, a fórmula “distritão”/legenda, ou seja, o conúbio do voto majoritário com aquele dado à legenda partidária. Processo complicado, uma espécie de cópula entre a cobra-d’água e o jacaré...

    *Ex-senador da república


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