CAMPO GRANDE (MS),

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    16/08/2017

    Quadrilha adulterava aviões para carregar drogas, ‘nem aí’ para risco de morte

    Nove pessoas foram indiciadas por fazerem parte de esquema de transporte de entorpecentes em aeronaves

    Wellinton e Wadson estão presos (Foto: Marcos Ermínio)
    A associação criminosa identificada pela Polícia Civil durante mais uma fase da Operação Ícaro, batizada de Narcos, adulterava aeronaves para que elas pudessem voar por muito tempo e longas distâncias sem que tivesse de parar para abastecer. O objetivo era não dar brecha para que as forças de segurança conseguissem flagrar os carregamentos de drogas.

    O grupo também tentava fazer os trajetos fora do alcance de radares. Por isso, pela primeira vez em Mato Grosso do Sul, segundo a delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Repressão do Crime Organizado), criminosos responderão pelo crime de atentado à segurança de voo.


    Cofre e material para adulteração da identificação das aeronaves
     apreendidos com a quadrilha (Foto: Marcos Ermínio)
    “Esta organização fazia modificações que poderiam que poderiam custar a vida de quem estava na aeronave e outras pessoas no espaço aéreo”, afirmou a delegada, destacando que pode chegar a 50 o número de aeronaves adulteradas que foram identificadas durante toda a Operação Ícaro, iniciada em 2015.

    A quadrilha também responderá por formar organização criminosa e associação para o tráfico.

    Alguns dos integrantes também foram indiciados por tráfico de drogas, porta ilegal de arma de fogo e um deles, foi denunciado por falsa comunicação de crime.

    Ponto de partida – A investigação que chegou ao esquema de tráfico por meio de transporte aéreo começou no fim do ano passado quando Wadson Fernandes, 37 anos, registrou o furto de uma aeronave do Aeroporto Teruel. Ele dizia que o hangar onde ficava o avião bimotor modelo Baron e prefixo PT-WMV havia sido arrombado.

    Durante a apuração, a equipe da Deco em contato com as policias de outros Estados descobriu que um avião com características semelhantes e um piloto do Paraná tinha caído na Bolívia. O passageiro Robson Nunes, de 18 anos, morador de Ponta Porã, morreu no acidente e Luiz Tizzo, o piloto, está desaparecido.

    Para a polícia, Wadson tentava justificar o sumiço do avião com o boletim de ocorrência de furto e depois, tentou “clonar” a aeronave.

    A Deco apurou ainda que um avião trazido do Amazonas estava sendo pintado e adulterado para substituir o Baron.


    Ana Clauda Medina, delegada da Deco  © Marcos Ermínio
    Durante as investigações, policiais também identificaram uma oficina clandestina em São Gabriel do Oeste montada pela organização criminosa e ainda quatro empresas de fachada que era usadas para comprar aeronaves e transformá-las em “máquinas” para o transporte de drogas e também lavar o dinheiro do tráfico. “Estamos investigando a existência de outras [oficinas e empresas]”, destacou a delegada.

    Nove indiciados – Além de Wadson, Wellinton José Magalhães Silva, de 36 anos, foi identificado como responsável pela contabilidade do esquema. Ele também abria empresas no nome de familiares e foi indiciado por homicídio por dolo eventual, ocultação de cadáver, falsidade ideológica, coação no curso do processo, associação para o tráfico, organização criminosa, posse irregular de arma de fogo e lavagem de dinheiro.

    Hadson Costa dos Santos, de 45 anos, é um dos mecânicos que adulterava as aeronaves, segundo a polícia. Ele foi indiciado por atentado a segurança de voo e já é considerado foragido.
    Silvério Peralta Alvarenga, de 64 anos, e Silvério Martins Peralta, 35, eram pintores de aeronave que faziam parte da organização.

    Já Wanderson Magalhães Silva, 38, Viviane Andreia Rodrigues, 41, e José Willian Barão Gomes, de 35 anos, eram donos de empresas de fachada.

    Fonte: campograndenews
    por: Anahi Zurutuza e Luana Rodrigues


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