CAMPO GRANDE (MS),

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    21/07/2017

    Para polícia, filho de caseiro afirma que plano de roubo surgiu por dívida de R$ 125

    Por não receber o valor, pai e filho planejaram crime

    © Francisco Britto
    Em depoimento no Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros) Rogério Nunes Mangelo, de 19 anos, afirmou à polícia que o plano de roubar a chácara do ex-vereador Cristóvão Silveira e de sua esposa Fátima Silveira, começou por conta de uma dívida de R$ 125 referente a um serviço feito por ele na propriedade.

    O caseiro Rivelino Mangelo, de 45 anos e os dois filhos, Rogério Nunes Mangelo, 19 anos e Alberto Mangelo de 21 anos, foram presos em flagrante nesta terça-feira (18), acusados do duplo homicídio do casal. Em depoimento, cada um contou sua versão sobre o fato e as motivações do crime.

    Enquanto Rivelino afirmou que era maltratado, humilhado e ameaçado de morte pelo patrão, Rogério afirmou que o plano do crime começou após ele trabalhar na chácara e ficar sem receber R$ 125 referente aos seus serviços.

    Ele explicou que por indicação do pai, trabalhou por duas semanas do mês de junho na propriedade na manutenção de cercas. Depois desse período ele acabou dispensado do serviço, supostamente porque Silveira ficou sabendo que ele tinha um comportamento violento.

    Ele então recebeu parte do pagamento, mas o ex-vereador ficou devendo os R$ 125 e a partir daí pai e filho iniciaram o plano de roubar a propriedade. Antes de ir embora Rogério deixou o próprio celular com o caseiro para que assim eles conseguissem planejar o crime, tudo feito por WhatsApp.

    Em depoimento, o rapaz afirmou que com o tempo o plano foi evoluindo e ele convidou o amigo Diogo André dos Santos Almeida, de 21 anos, para participar. O suspeito revelou ainda que foi de Diogo a ideia de levar a caminhonete da vítima, uma L-200, para a Bolívia e que para isso ele se comprometeu a pedir ajuda de um comparsa, já que não dirigia.

    Rogério ainda afirmou que o crime deveria ter acontecido um dia antes, mas que ele e o amigo beberam e por conta disso perderam o horário da van que os levariam de Anastácio a Campo Grande. A dupla chegou na chácara na tarde de segunda-feira (17), dormiram escondido no galpão e no outro dia, quando as vítimas chegaram ao local, colocaram o plano em ação.

    Em ambos os depoimentos, Rivelino e Rogério confirmaram que assim que Silveira entrou no galpão foi surpreendido pelo caseiro e por Diogo. Eles entraram em luta corporal e o ex-vereador foi ferido a golpes de faca e facão. Mesmo caído, a vítima recebeu novos golpes, principalmente no rosto.

    Foi por ouvir o barulho vindo o local do crime que Fátima se armou e foi ver o que acontecia com o marido. Rogério firmou que ela estava com um machado, mas não teve chance de se defender, pois quando entrou no imóvel foi atacada pelo caseiro. Na versão de Rivelino, a mulher estava com um cabo de vassoura, tentou se defender, mas foi ferida por ele e em seguida atingida no pescoço por Diogo.

    Diogo e Rogério fugiram com uma televisão, que foi entregue para a Alberto, um revólver calibre 38 e a caminhonete. Rivelino fugiu depois, em um trator e acabou se machucando quando tentava cortar a cerca da propriedade para escapar. Por isso, segundo ele, pediu socorro em um bar da região.

    Maus-tratos

    Para a polícia, o caseiro alegou que planejou a morte por que era maltratado pelo patrão, e não foi embora da chácara mesmo com os maus-tratos por sofrer ameaças de morte do ex-vereador, já que o funcionário tinha conhecimento de uma suposta amante de Cristovão.

    “Ele tinha uma amante e além de me maltratar me xingar, não me deixava ir embora da chácara por medo de que eu revelasse o segredo à esposa dele. Ele disse que ia me matar. Era ele ou eu", afirmou Rivelino. Mas em depoimento, a mulher do caseiro afirmou que ‘nunca teve problema com os patrões’.

    Ela ainda explicou ao delegado responsável pelo caso que não possui os pés e que sempre recebia ajuda do ex-vereador e da esposa, com remédios, roupas para a filha e até uma prótese, que ganharia do casal. Ela ainda afirmou que os patrões chegaram a se oferecer para pagar a faculdade de sua filha com Rivelino, de 12 anos.

    Ainda de acordo com a mulher, as únicas vezes que viu discussão entre o marido e o ex-vereador era por conta do Rogério, já que o dono da chácara não queria que o filho do caseiro trabalhasse no local.

    Abuso

    Rogério, filho do caseiro, afirmou a polícia que Diogo André dos Santos Almeida, 19 anos, estuprou a esposa do ex-vereador e negou ter visto o pai cometer o abuso. Já Rivelino Mangelo relatou que após lesionar o próprio pé, passou a mão na vítima, mas não conseguiu concluir o crime por conta do ferimento.

    Apesar dos depoimentos contraditórios e a incerteza da autoria do crime, a Polícia Civil só terá a confirmação do crime sexual após resultados de exames periciais.

    Na versão de Rogério, depois de crime ele entrou com a pai para roubar a casa, momento que Diogo ficou sozinho com o corpo da Fátima, no galpão onde tudo aconteceu, e a estuprou mesmo sem saber se ela ainda estava viva.

    O caseiro negou ter abusado da patroa, mas confirmou que ‘passou a mão’ em suas partes intimas quando voltou para fazer um curativo no pé. Ele ainda alegou que ateou fogo em Fátima porque também tinha muita raiva dela.

    As prisões

    O caseiro foi preso quando recebia alta do hospital Santa Casa, após ser atendido por causa de um corte profundo no pé. Ele foi socorrido depois de pedir ajuda a dona de um bar, que fica a 800 metros da chácara. Ele teria contado que sete homens invadiram a propriedade para roubar. Mas, após ser levado para depoimento acabou confessando a autoria dos assassinatos.

    Assim que mataram o casal, Rogério e Diogo fugiram com a caminhonete até Anastácio e, então, até uma chácara localizada a 30 km de Aquidauana, onde estava Alberto. O rapaz teria ficado com uma TV roubada do casal. Para a polícia, o suspeito confessou que o primo e o irmão chegaram em sua casa no veículo roubado com as roupas ensanguentadas e teriam queimado as peças.

    Diogo então seguiu com um outro comparsa, já que não sabia dirigir, para a Bolívia. Ele acabou morto em uma troca de tiros com a polícia durante sua fuga, no município a 444 quilômetros de Campo Grande. Rogério e Alberto foram presos ainda em Anastácio assim que os policiais tiveram conhecimento da localização dos suspeitos.

    Fonte: Midiamax
    Por: Geisy Garnes
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