CAMPO GRANDE (MS),

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    16/05/2017

    Em operação contra o aborto, mãe de adolescente e mais dois são presos na Capital

    © Divulgação
    A mãe da adolescente de 17 anos, supostamente coagida a fazer um aborto aos cinco meses de gravidez em março deste ano, foi presa nesta manhã (16). A advogada, um amigo da mulher e uma enfermeira, foram detidos temporariamente durante a Operação Herodes, deflagrada por policiais da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) e da Denar (Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico).

    Conforme apura pela reportagem, a enfermeira seria funcionária da Santa Casa e teria fornecido o remédio para a mãe da adolescente. O amigo da mulher também teria ajudado no procedimento, enquanto a advogada é mentora do crime.

    Segundo informações preliminares, a operação contra o aborto ilegal na Capital é um desdobramento das investigações do aborto feito por uma adolescente de 17 anos no dia 14 de março, no Bairro Guanandi. Além das três prisões temporárias, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensões em endereços da cidade em busca de medicamentos abortivos.

    Computadores e celulares foram recolhidos pela polícia, que agora ouve os envolvidos na sede da Deaij. Os detalhes do caso e as apreensões ainda não foram divulgados.
    Entenda

    O caso foi descoberto depois que a própria adolescente entrou em contato com o namorado, de 26 anos, contando que havia abordado a filha deles. Ele então denunciou o aborto à polícia, que foi até o endereço e descobriu o local onde o feto havia sido enterrado, no quintal de casa, ao lado de uma flor e um terço.

    Em um primeiro momento, o rapaz afirmou que a namorada havia sido obrigada pela mãe a abortar. Na história contada pela família do jovem, a mãe da adolescente teria viajado até o Paraguaio para comprar remédios abortivos, identificado como Cytotec, forçado a filha a ingerir os medicamentos e contratado um enfermeiro para fazer a retirada do feto.

    No entanto, na delegacia, em frente à namorada, o rapaz acabou confirmando a versão dela sobre os fatos. Tanto para a Polícia Militar, quanto em depoimento para o delegado responsável pelo caso, a menina reafirmou que passou dois dias sem se alimentar, tomando apenas chá de ‘buchina-do-norte’, conhecido como um abortivo caseiro. Ela teve contrações e chegou a passar mal, até que sofreu o aborto. Depois enterrou a filha.

    No dia em que o crime foi descoberto, a namorado da adolescente chegou a entregar a polícia áudios em que a sogra avisava que forçaria a filha a fazer o aborto. Em depoimento a advogada explicou que a conversa teria sido gravada há cerca de quatro meses, quando a jovem realizava um tratamento para acne com isotretinoína, o popular Roacutan, medicamento que não deve ser usado por grávidas. À época, a moça já estava grávida, mas como a mãe não sabia decidiu "testá-la".

    Ainda assim, o namorado da menina afirmou que a sogra havia feitos várias ameaças via celular, mas que as mensagens teriam sido apagadas. O aparelho dele foi recolhido pela equipe de Deaij e enviado para a perícia, que recuperou as conversas.

    No dia 16 de março, a polícia voltou a casa da adolescente. Junto com a perícia e o advogado da família, as equipes refizeram passo a passo dos acontecimentos narrados pela jovem.

    Fonte: Midiamax
    Por: Geisy Garnes e Arlindo Florentino
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