CAMPO GRANDE (MS),

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    16/04/2017

    Emílio Odebrecht diz que Duda Mendonça cobrou dívida após prisão de Marcelo

    Dono do grupo Odebrecht deu informação durante depoimento no acordo de delação premiada; segundo empresário, cobrança foi feita em 2015. G1 buscava contato com publicitário.

    O publicitário Duda Mendonça (Foto: Celso Júnior/AE)
    O empresário Emílio Odebrecht, dono do grupo Odebrecht, afirmou em depoimento que o publicitário Duda Mendonça o procurou para cobrar uma dívida de caixa dois que havia sido acertada com Marcelo Odebrecht, filho de Emílio e que havia sido preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato (assista ao vídeo acima, a partir dos 50 segundos).

    A informação de Emílio Odebrecht foi dada ao Ministério Público Federal em depoimento no acordo de delação premiada no âmbito da Lava Jato. De acordo com o dono do grupo Odebrecht, Duda Mendonça fez a cobrança em 2015, "um mês ou dois meses depois de Marcelo ser preso".

    "Logo que Marcelo foi preso, só relembrando, eu fui procurado pelo Duda Mendonça, que tinha relação comigo, tinha sido meu contemporâneo, inclusive, no Marista, se não me engano. E ele, vamos dizer, chegou para mim e disse: 'Emílio, tem aí um compromisso da Odebrecht comigo, Marcelo não está mais aí, não sei como está funcionando isso na organização, eu estou sem cliente dentro da organização e queria receber aquilo que tenho direito de receber que foi acertado'", relatou o empresário.

    O G1 buscava contato com Duda Mendonça até a última atualização desta reportagem.

    O relato de Emílio Odebrecht

    No depoimento, Emílio Odebrecht não soube dizer o valor da dívida de Marcelo com Duda Mendonça, mas afirmou que os valores eram referentes ao pagamento pelo trabalho do marqueteiro na campanha de Paulo Skaf em 2014, que disputou o governo de São Paulo pelo PMDB.

    Emílio Odebrecht afirmou, na sequência da delação premiada, que a solução encontrada pela empresa para saldar a dívida com Duda Mendonça foi comprar um terreno do marqueteiro no sul da Bahia, por valor acima de mercado.

    "Procurei me entrosar no processo todo e, de fato, foi um programa de campanha que ele [Duda Mendonça] era o recebedor disso e eu mandei o pessoal verificar se existia essa dívida. Tinha essa dívida e, a,í tinha sido encontrada uma solução para poder pagar a ele via um terreno que ele tinha no sul da Bahia, perto da praia, que era uma forma de buscar valorizar esse terreno e, com isso, ele receberia o dinheiro que ele tinha", disse o delator.

    Devolução do terreno

    De acordo com o empresário, a compra do terreno foi feita por uma outra empreiteira, a DAG, que pertence a amigos da família.

    Emílio Odebrecht, porém, acrescentou que, em meados de 2015, com a prisão de Marcelo, a empresa decidiu colocar em prática novas regras, entre as quais o fim dos pagamentos via caixa 2 e, por isso, foi determinada a devolução do terreno a Duda Mendonça.

    Como o marqueteiro já havia recebido uma parte do pagamento pelo terreno, Emílio disse também que a devolução fez com que o marqueteiro passasse a ter uma dívida com a empresa.

    "Eu precisava dar o exemplo na hora que constatou, mesmo assim eu mandei devolver o terreno, não interessa, devolve o terreno, desmancha. Ele [Duda] é que fica nos devendo, eu prefiro que ele fique nos devendo um dinheiro que tem a ver com dívida que a gente devolveu, que vale mais do que o compromisso que tinha com ele, mas eu não quero voltar ao sistema anterior", concluiu Emílio Odebrecht.

    Duda assina acordo de delação

    Responsável pela campanha de Lula em 2002, da qual o petista saiu vitorioso ao derrotar José Serra (PSDB), Duda Mendonça também assinou acordo de delação, com a Polícia Federal.

    As revelações feitas pelo marqueteiro foram anexadas à investigação que apura irregularidades em relação às gráficas que prestaram serviço à chapa Dilma-Temer durante a campanha eleitoral de 2014.

    O caso estava na Justiça Federal em Brasília, mas, devido à delação, foi enviado para o Supremo Tribunal Federal.


    Por G1, Brasília
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