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    09/01/2017

    OPINIÃO| Resolução da ONU condena ocupação israelense dos Territórios Palestinos

    O Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, igualmente expressou sua repulsa pela resolução 2334, e afirmou que assim que for empossado, Israel voltará a ter nos Estados Unidos um aliado

    No dia 23 de dezembro de 2016, por quatorze votos a zero, com abstenção dos Estados Unidos, a resolução das Nações Unidas de número 2334 determinou que a ocupação de Israel dos Territórios Palestinos – a saber, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental – não possui qualquer validade, sendo, portanto, considerada ilegal. 

    As reações, evidentemente, foram as mais drásticas e controversas possíveis. O Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, passou a arregimentar um elaborado plano contra as nações que votaram contra Israel, alegando que pagarão um preço político e econômico muito caro. Relações diplomáticas foram rompidas, e retaliações arbitrárias foram colocadas em prática. Netanyahu chegou a ordenar que programas de auxílio ao Senegal – alguns muito bem elaborados – fossem cancelados, em função do posicionamento desta nação em favor da resolução. A partir deste evento político internacional, relações se desgastaram, rompimentos ocorreram, e represálias foram juramentadas. O primeiro ministro de Israel rapidamente começou a exigir justificativas dos embaixadores de todos os países que votaram a favor da resolução. Desesperado com as reações negativas de Netanyahu, o líder político israelense Isaac Herzog afirmou que o primeiro ministro, em sua desmesurada revolta, ao declarar uma guerra ao mundo, em especial contra todos aqueles que deliberadamente agem em detrimento de Israel, não agiu racionalmente, e está sendo radical em suas imposições. 
    O Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou abertamente o seu repúdio pela resolução da ONU.

    Acusando os Estados Unidos – e mais especificamente, a administração de Barack Obama – de ter compactuado com a resolução, e de estar agindo nas sombras contra os interesses de Israel, a pequena nação do oriente médio se vê mais uma vez sozinha, alardeada por uma política que expressa no seu jogo de interesses o desejo de desestabilizar Israel, ainda que não de uma forma explícita. Sem ter ninguém que defenda ou assista aos seus interesses – a não ser ela própria – Israel já anunciou que não irá cumprir com as demandas exigidas pela resolução de nº 2334. 

    O lado palestino, no entanto, viu o acontecimento como algo significativo, considerando o evento como um primeiro passo em direção à possível criação de um estado palestino. Não obstante, como todos os elementos predispostos na arena política internacional, tudo é muito mais complexo do que parece ser a princípio. Com milhares de cidadãos israelenses vivendo nos territórios palestinos, e também palestinos vivendo em Israel, a multifacetada composição étnica e a multiplicidade de nacionalidades na região não apenas faz parecer irrelevante a intransigente definição de fronteiras e barreiras políticas, mas irrompe em um manancial de dilacerantes apreensões, que poderão resultar em futuras hostilidades mais tarde. 

    Evidentemente, a resolução da ONU de nº 2334 é apenas mais um capítulo na atribulada história da relação palestino-israelense. Ainda que tenha exacerbado os ânimos, essa história não está nem perto de ver a sua conclusão. Com esta resolução, Israel encerrou sua colaboração financeira com as Nações Unidas, estimada em seis milhões de dólares anuais. Não obstante, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, foi uma das pouquíssimas figuras da arena política internacional a expressar desdém pela resolução e manifestar o seu apoio a Israel, reiterando que, assim que ele tomar posse como presidente, Israel voltará a ter os Estados Unidos como aliado. 



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