CAMPO GRANDE (MS),

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    07/10/2016

    PONTA PORÃ LINHA DO TEMPO| MS, 11 de outubro de 1977 nasce um novo estado brasileiro. Após muitas lutas, conflitos sociais e políticos, o sonho se torna realidade

    “A felicidade é um bem que se multiplica ao ser dividido”. Marxwell Maltz

    Lutar por um ideal é algo que faz um povo crescer e se tornar uma nação forte. O Brasil desde seu descobrimento datado em 22 de abril de 1500 vem se descobrindo e se redescobrindo através dos séculos, avançando dentro de seu território nacional, através de conflitos internos e externos, se fixou como uma nação forte continental na América Latina e no mundo, mas para isso passou por algumas mudanças internas marcantes, neste caso vamos citar uma, a criação do Estado de Mato Grosso do Sul.

    Analisando alguns pontos de muitos que existem para a criação do estado de Mato Grosso do Sul e os principais acontecimentos existentes dentro do período da transição da Republica Velha para República Nova, este fato histórico teve um dos seus principais pontos quando, a partir da década de 1930, as forças políticas que queriam a divisão do estado de Mato Grosso os chamados na época de (divisionistas), na sua grande parte do sul, para que isso acontecesse de maneira mais organizada, passaram a realizar varias pressões e investidas políticas junto ao Governo Federal, sem muito sucesso, pois os seus apelos não foram atendidos. 
    Foto publicada no livro Um Homem de Seu Tempo. 2011. De Luiz Alfredo Marques Magalhães. “Flagrante de um grupo de revolucionários” armados e sobre o comando de Aral Moreira, pois ele foi um dos primeiros a se posicionar a frente do processo revolucionário, desta forma Aral Moreira separatista convicto Armou seu grupo e foi para o confronto a favor da divisão.

    Quando ocorreu a revolta Constitucionalista de 1932, a região mais ao sul Mato Grosso aderiu ao movimento, visando desta forma obter apoio para sua luta, sob a seguinte condição, em caso de vitória dos revoltosos, na sua maioria paulistas e estados aliados, obteria força política para a tão sonhada separação do norte no caso Mato Grosso. 

    Os militares rebelados, sob o comando de Bertoldo Klinger, comandante nesse período histórico da Circunscrição Militar de Mato Grosso, que funcionava na cidade de Campo Grande, estrategicamente se instalaram no sul do estado de Mato Grosso um governo, que se tornou nessa época dissidente sob o comando de Vespasiano Martins que nesse período era o prefeito da cidade de Campo Grande. 

    O conflito se estendeu por três meses segundo relato histórico, o sul do estado de Mato Grosso autodenominou-se "Estado de Maracaju", os “constitucionalistas” que se autodenominavam divisionistas, foram derrotados pela força Getulista, não se cumprindo, assim, a promessa de divisão. 
    Imagem publicada no livro Um Homem de Seu Tempo. 2011. De Luiz Alfredo Marques Magalhães. “Síntese do sonho separatista”, ilustração da área territorial e sua abrangência, com 12 municípios, população e produção do estado de Maracaju.

    Esta revolução, no entanto, promoveu a divulgação do movimento divisionista, tendo a cidade de Campo Grande se tornado o grande centro político de Mato Grosso, com apoio de cidades como Três Lagoas e o Bolsão.

    Nesse mesmo período também surgiu no estado os apoiadores de Getúlio Vargas que defendiam o governo contra qualquer revolta. Por ser amigo de Getúlio Vargas tornou-se o líder getulista na câmara de Deputados um fiel apoiador, tendo ele, Lício Borralho carta branca neste período histórico do próprio Presidente da Nação, desta maneira organizou a Brigada Flores da Cunha, na Revolução de 1932, o mesmo teve uma participação de grande importância na Revolução de 1930, tornando um fiel amigo e conselheiro do Presidente Getúlio Vargas.
    Acervo Jakson Borralho. Membros da Brigada Flores da Cunha, na Revolução de 1932.

    Getúlio Vargas temeroso pelo ocorrido, em 16 de julho de 1934 promulga uma nova constituição, com vários conflitos internos em 1937 se instala no Brasil o Estado Novo Getulista com um poder centralizador, cria no Brasil os Territórios Federais, com isso estrategicamente cria-se o Território Federal de Ponta Porã, em 13 de setembro de 1943. 

    O principal feito do Drº Lício Borralho teria como palco a disputa de Ponta Porã e Maracaju para ser sede do Território Federal brasileiro que foi criado em 13 de setembro de 1943, conforme o Decreto-lei n.º 5 812, do Governo de Getúlio Vargas. Tudo estava certo para ser Ponta Porã a sede oficial do território Federal através do Decreto-lei n.º 5 812, que criava o Território Federal de Ponta Porã, estabelecia que o mesmo fosse formado pelo município de Ponta Porã (onde foi instalada a capital) e mais seis outros sendo eles: Porto Murtinho, Bela Vista, Dourados, Miranda, Nioaque e Maracaju, mas com articulações políticas a capital foi transferida para Maracaju (Decreto-lei n.º 6 550), e novamente voltando a Ponta Porã, nesse período articulações e interesses fizeram com que prevalecesse a força da fronteira, o grande articulador deste feito fora Drº Lício Proença Borralho. 

    Ponta Porã tinha como certa sua escolha, mas a fronteira ficou revoltada com reviravolta e escolha da cidade de Maracaju, Drº Lício Proença Borralho, apoiado pelo General Morinigo do Paraguai, pelo embaixador Negrão de Lima e Oswaldo Aranha Ministro do Interior da época, para interceder junto ao amigo Getúlio Vargas, dada sua proximidade conseguiu que fosse publicado em diário oficial o decreto transferindo a capital do Território Federal para Ponta Porã.
    Foto acervo de Jakson Borralho. Na foto épica o Presidente neste período histórico do Brasil Getúlio Vargas, assessor e seu Ministro Negrão de Lima, que aparece em (2º plano) saúdam o grande político de seu tempo o Ponta-poranense de coração o gaúcho Drº Lício Borralho, no Palácio do Catete sede do então governo Federal da época no Rio de Janeiro a capital Federal do Brasil neste momento histórico em que essa imagem foi registrada. Drº Licio Borralho, graças a sua influência e amizade com o Presidente do Brasil Getúlio Vargas transferiu através de decreto o Território Federal para a fronteira em especial cidade de Ponta Porã.

    Consta em registros históricos que anterior à nomeação do Coronel Ramiro Noronha o engenheiro militar José Guiomard dos Santos, foi procurador do Território de Ponta Porã antes de se filiar ao PSD e posteriormente Governador do Território Federal do Acre. Durante a presidência de Eurico Gaspar Dutra, renunciou ao cargo para entrar na política elegendo-se deputado federal em 1950, 1954 e 1958.

    Historicamente se indicava muitos amigos políticos sem decretos oficiais, oficialmente através de decreto consta o militar Ramiro Noronha e José Guimard dos Santos procurador, para época ficaria em segundo no comando uma espécie de Vice Governador.

    Os fatos políticos da criação do Território Federal de Ponta Porã se deram estrategicamente neste período histórico nacional, para desarticular os ativistas que na época lutavam para divisão do estado de Mato Grosso e a criação do “Estado de Maracaju e a Capital a cidade de Campo Grande” em pesquisas realizadas, oficialmente aparece sempre o militar Ramiro Noronha como governador desde a criação do Território Federal de Ponta Porã.
    “Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade. Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade.” Sir Winston Churcill
    Anos de muitas lutas e movimentos sócio políticos decorreram, um fato que chama atenção, a cidade de Campo Grande tinha uma influência do sul e sudeste principalmente de São Paulo, enquanto a Região Norte de Mato Grosso tinha uma influencia da Região Norte e Nordeste, culturas e modos diferentes, sem contar que o sul se sentia abandonado pelo Governo da época. 

    Certo episodio inusitado ficou marcado na memória de muitos deste período histórico e repassada de geração em geração, se tornando assim mais um causo do nosso estado, foi uma desavença que ocorreu pela escolha da representante do então Estado de Mato Grosso a miss Brasil, segundo relatos de pessoas deste período histórico, o evento se deu na cidade de Campo Grande, candidatas das cidades fazendo suas apresentações (desfilando), conta-se que a candidata da cidade de Campo Grande esbanjava elegância e beleza sendo favorita por todos, mas quem venceu foi à candidata da Capital Cuiabá, um estopim, dentre muitos outros que ocorriam entre a Capital Cuiabá e a cidade morena Campo Grande.

    Mas para a felicidade de todos os idealistas, que tanto lutaram para a divisão do estado, que foi marcado por muitas concordância e discordâncias, de nomes para batizar o novo estado. Fica de fato sacramentada a divisão do estado em 11 de outubro de 1977 através da lei Complementar assinada pelo então presidente Ernesto Geisel, denominado Estado de Mato Grosso do Sul, na data de 15 de novembro de 1978 toma posse os primeiros políticos legitimamente eleitos, como primeiro Governador do novo estado, o gaúcho engenheiro Harry Amorim Costa. 

    Trinta e nove anos se passaram de muitas lutas e conquistas uns defendem que o nome do estado deveria ter sido outro, para evitar tanta confusão a nível nacional, conflitos e opiniões a parte, se o Norte ganhou ou perdeu, hoje temos um estado com uma malha viária e urbanização mais avançadas, não é perfeita, mas pode se dizer que é melhor, pois fazemos divisa com cinco estados da federação: Paraná, São Paulo, Minas, Goiás e Mato Grosso e dois países sul americanos: Paraguai e Bolívia. 

    Recebemos imigrantes dos mais diversos continentes e migrantes vindos das regiões brasileiras, nossa economia agropecuária e industrial, a cada ano vem se desenvolvendo grandemente, com 79 municípios, somos 2.619.657 (milhões) de habitantes, que lutam diuturnamente para o desenvolvimento pessoal e do nosso Estado de Mato Grosso do Sul. 

    Parabéns pelos 39 anos de progresso e contribuição para o desenvolvimento nacional. Nesse “celeiro de farturas” e “uma gente audaz” que “são o orgulho e a certeza do futuro do Brasil”.

    Autor: Pesquisador Yhulds Giovani Bueno. Professor de qualificação profissional, gestão e logística (Programas Estaduais e Federais). Professor coordenador da Rede Municipal de Educação.