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    16/10/2016

    ARTIGO| A mulher conquistando espaço

    Por: Waldir Guerra*

    Neste mundo moderno as mulheres estão disputando a par e passo com os homens todo e qualquer emprego no mercado do trabalho. Na política, apesar de bem mais lento, esse Pari passu também vem acontecendo e não apenas aqui, mas em todo mundo civilizado. 

    Digo isso porque vejo a sisuda Alemanha sendo governada por Angela Merkel desde 2005 como chefe de governo de seu país (chanceler); e também líder do seu partido União Democrata Cristã (CDU) desde 2000. Angela também é a líder de facto da União Europeia e a revista Forbes aponta Angela Merkel como a segunda pessoa mais poderosa do mundo; a mais alta posição já alcançada por uma mulher até hoje. 

    Também vejo a Inglaterra elegendo agora, no dia 13 de julho de 2016, uma mulher, Theresa May, para comandar o Reino Unido e logo após o seu surpreendente Brexit – referendo que os britânicos decidiram pela saída do Reino Unido da União Europeia. Theresa May é a segunda primeira-ministra da Inglaterra. A primeira foi Margareth Thatcher, a “Dama de ferro” que governou a Inglaterra por onze anos, de 1979 a 1990. 

    Quase certo que pela primeira vez em sua história os eleitores americanos dos Estados Unidos elegerão uma mulher, Hillary Clinton, como sua presidente no dia 8 de novembro próximo. Assim, o mundo terá duas mulheres como as duas pessoas mais importantes na Terra: Hillary Clinton comandando os Estados Unidos e Angela Merkel a frente da Alemanha e da União Europeia. 

    O Brasil também elegeu e reelegeu pela primeira vez uma mulher como sua presidente da República: Dilma Rousseff. Infelizmente por sua incapacidade administrativa seus governos não foram bons e sofreu impeachment. Mas saliento que tivemos um bom número de homens eleitos presidentes da República também incompetentes como administradores – aliás, hoje se sabe que a incompetência na política se constata mais nos homens que nas mulheres. 

    Não fomos os primeiros na América Latina a eleger mulheres despreparadas politicamente para exercer o governo do país. A Argentina com Isabel Perón e depois Cristina Kirchner iniciaram o processo antes de nós e também se deram mal elegendo pessoas despreparadas. 

    (Abro um parêntese aqui para dizer que uma mulher preparada, Délia Razuk, foi eleita prefeita de Dourados-MS – uma cidade de boas recordações minhas – e conhecendo seu belo trabalho como vereadora tem toda confiança dos douradenses para fazer uma boa administração). 

    Essa luta pela igualdade de gênero iniciada por mulheres corajosas a mais de 200 anos acelerou-se com a reivindicação no direito ao voto feminino. O direito ao voto é o direito a indicar quem irá nos governar e aqui no Brasil as mulheres são 51% dos eleitores votantes. 

    Por essa perspectiva, a de serem as mulheres a maioria do eleitorado, não significa já terem conquistado uma igualdade no poder de mando. Tanto que apesar da obrigatoriedade legal de 30% dos candidatos ao cargo de vereador sejam de mulheres, nesta última eleição apenas 23% de mulheres compõem as câmaras de vereadores como eleitas pelo voto. 

    É um número pequeno? Sim, é um número baixo. Mas vem crescendo. Nas últimas três eleições, as de 2008 as mulheres compunham 12,53% dos vereadores eleitos; em 2012 eram 13,34% e agora nesta de 2016 as mulheres serão 13,50% dos vereadores eleitos no Brasil. 

    Nesse crescendo as mulheres vão disputando a par e passo até conseguir realmente alcançar a igualdade em número para comandar o poder político – admiro as mulheres que buscam participar mais ativamente da política; escreverem sua história nela e não apenas como espectadoras eleitoras. 



    *Membro da Academia Douradense de Letras; foi vereador, secretário do Estado e deputado federal. (wguerra@terra.com.br)