CAMPO GRANDE (MS),

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    20/09/2016

    PONTA PORÃ LINHA DO TEMPO| Fatos históricos e culturais. Significado da palavra tchê. E o surgimento do tradicionalismo Gaúcho e Semana Farroupilha no Brasil

    "O movimento tradicional foi criado para ser um movimento. Não é um estanque, parado, fixo" Paixão Côrtes.

    Pesquisadores da cultura e tradição gaúcha muitos ressaltam esse sinônimo utilizado pelos gaúchos. Tchê um pronome de tratamento, mas o que significa e de onde vem essa pequena palavra, que exerce tanta influência na cultura gaúcha. Quando alguém quer se referir a algo do Rio Grande do Sul logo fala TCHÊ! Para sua origem a duas versões estudadas pelos historiadores sendo uma indígena e outra espanhola.


    Essa é uma das muitas expressões do tradicionalismo gaúcho, sendo muito utilizada para se referir a alguém pessoalmente ou para fazer uma saudação. Também significa “eu” e “meu”. Na língua Mapuche, tribo indígena da patagônia, significa "gente". Naquela região extrema do continente é comum lugares com o sufixo "che", como, por exemplo: Bariloche, Tehuelche, Mapuche, entre outras. 

    A versão de origem espanhola tem um significado muito curioso por assim dizer. Há muito tempo, antes da descoberta do Brasil, o latim marcava acentuada presença nas línguas europeia sendo a língua oficial do clero por longos anos, um exemplo disso e que nesse período as missas eram todas realizadas em latim, podemos citar línguas oriundas do latim o francês, espanhol e o português. 

    Além disso, o fervor religioso era muito grande entre a população mais simples. Por essa razão, a linguagem falada era dominada por expressões religiosas como: "vá com Deus", "queira Deus que isso aconteça", "juro pelo céu que estou falando a verdade" e assim por diante. Uma forma comum das pessoas se referirem a outra era usando interjeições também religiosas como: "Ô criatura de Deus, por que você fez isso"? Ou “menino do céu, onde você pensa que vai”.

    Os espanhóis preferiam abreviar algumas dessas interjeições e ao invés de exclamar "gente do céu", falavam apenas Che! (se lê Tchê) que era uma abreviatura da palavra caelestis (se lê tchelestis) e significa do céu. Eles usavam essa expressão para expressar espanto, admiração, susto. 

    Era talvez uma forma de apelar a Deus na hora do sufoco. Com a descoberta da América, os espanhóis trouxeram essa expressão para as colônias latino-americanas e então os gaúchos, que eram vizinhos dos argentinos e uruguaios, acabaram importando para a sua forma de falar. Portanto exclamar "Tchê" ao se referir a alguém significa considerá-lo “alguém do céu". 

    Existe também outra versão dessa exclamação proveniente do tupi guarani que significa amigo, fato marcado pelo famoso guerrilheiro argentino que participou da revolução cubana, Ernesto Guevara, que morreu na Bolívia em 1967, era chamado de “chê” que é o mesmo que “Tchê” no espanhol. Isso significa que Che Guevara nada mais era que amigo Guevara. Isso mostra que a palavra “tchê” é sinônimo de amizade dentro do tradicionalismo. 

    Uma forma respeitosa de tratamento que passa de geração a geração mostrando que além dos festejos e comemorações que fazem parte da semana farroupilha existe o ideal principal, que é de manter viva a chama da cultura para novas gerações. Que bom seria se todos se tratassem assim! 

    Fronteira querida do meu coração, fronteira amada, desejada e cobiçada, fronteira sem fronteiras e sem portão, fronteira aberta uma só nação, bom ser fronteiriço cheio de paixão. https://pensador.uol.com.br/autor/yhulds_bueno/4/

    Historiadores que buscam analisar os fatos que envolvem esta grandiosa comemoração que tem seu marco de surgimento no sul do Brasil, cercada de muita festa, envolvendo todos os tradicionalistas da cultura gaúcha dentre eles pode ser citado o tradicionalista João Carlos Paixão Côrtes, que em seu livro Origem da Semana Farroupilha - Primórdios do Tradicionalismo Gaúcho (1994) relata que, ao contrário do que se costuma pensar.
    João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, nasceu em Santana do Livramento em 12 de Julho de 1927, folclorista, compositor, radialista e pesquisador do tradicionalismo gaúcho "Segundo o folclorista, somado a outros estados e países, o MTG une mais de 8 milhões de pessoas" Fonte http://g1.globo.com/.

    “O Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) não surgiu depois da Revolução Farroupilha, em 1846, mas teve sua origem em iniciativas do Grêmio Estudantil da Escola Júlio de Castilhos (Julinho), em Porto Alegre, na primeira quinzena de setembro de1947”. Côrtes.

    Seguindo seu relato para entender a semana farroupilha e os motivos para preservar o legado dos antepassados, a entidade estudantil fundou o seu Departamento de Tradições Gaúchas, representado por diversos alunos com trajes característicos e montado em pingos (cavalo). 

    No dia 7 de setembro daquele ano, antes de ser extinto o Fogo da Pátria, os cavaleiros desse departamento transportaram até o velho casarão do Julinho uma centelha de fogo, que ficaria acesa até dia 20 de setembro. 

    No período de 7 a 20 de setembro passou a ser realizada a chamada Ronda Gaúcha e, no seu decorrer, foram promovidos diversos eventos sobre temas regionais e folclóricos, o primeiro a presidir o DTG foi o próprio Paixão Cortês, entre as atividades estabelecidas pelo departamento a principal de cultivar as tradições gaúchas, dentre elas: bailes, concursos de danças, trajes típicos, fotografia, literatura, desenho, publicação de artigos no jornal do Julinho, palestras com intelectuais e provas campeiras. 
    Arquivo Pessoal/ZH: Em setembro de 1948, o primeiro piquete de cavaleiros do 35º CTG saia às ruas de Porto Alegre para conduzir a Chama Crioula. Paixão Côrtes (D) está acompanhado de José Laerte Vieira Simch (E) e de Antônio Cândido da Silva Neto (C).

    Pode se dizer que graças a esse pioneirismo dentre tantos outros é que o tradicionalismo da cultura gaúcha se espalhou pelo Brasil e pelo mundo com eventos Nacionais, Regionais e Estaduais. Nos meios tradicionalistas se afirma que o Gaúcho não é unicamente o indivíduo natural do Estado do Rio Grande do Sul. 

    O Gaúcho é considerado o homem cavaleiro dos Pampas das Américas, que recebe na Argentina, Uruguai e no Brasil o nome de Gaúcho, no Chile de Guaso, na Venezuela de Ilanero e no México Charroe, o Gaúcho é o vaqueiro, é o homem ligado ao campo e nas tradições, ele que inicialmente era simplesmente um caçador, tornou-se um verdadeiro protetor do tradicionalismo. 

    Hoje o Gaúcho além de tudo isso é um representante fiel das tradições da maneira simples de viver representado pela família, amizade e cultura. 
    Fonte: http://www.paginadogaucho.com.br/pers/paixaopelosul-02.htm, arquivo Pessoal/ZH: Em 1958, durante a temporada que passou em Paris, Paixão (de chapéu) e Zé Gomes (E) participaram de programa na televisão francesa.

    E fato que todo grupo social, toda a nação, tem sua própria escala de valores, e essa escala que torna os povos espalhados pelo mundo distintos entre si, como acontece com o tradicionalismo gaúcho no Brasil e no mundo, por ter uma escala de valores muito característica os tradicionalistas gaúchos cultuam os valores da tradição muito mais focados, mas deve se, fazer saber que tradição cada Estado e região do país têm a sua e todas devem ser respeitadas e apreciadas de forma a manter sempre viva a cultura de valores no Brasil. E viva a semana “Farroupilha” em todos os galpões do Brasil e do mundo! 




    Por: Yhulds Giovani Pereira Bueno - Pesquisador. Pós-graduado em Metodologia do Ensino em História e Geografia. Professor de qualificação profissional, gestão e logística Programas Municipais, Estaduais e Federais.