CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    01/02/2016

    Azerbaijão – Desenvolvimento econômico e políticas de reestruturação social

    Baku, Capital do Azerbaijão - Divulgação

    O Azerbaijão é um pequeno país transcontinental do Cáucaso, administrado como uma república semi-presidencial unitária, que se tornou independente em 1918, sob a nomenclatura oficial de República Democrática do Azerbaijão. Possui uma população de aproximadamente nove milhões e meio de habitantes, e atualmente é uma das economias mais sólidas do leste europeu e da Ásia ocidental, a despeito de seu modesto tamanho. Não obstante, com uma economia altamente dependente da exportação de petróleo, recentemente, representantes do Fundo Monetário Internacional foram convocados à capital azeri, Baku, para auxiliar o governo nacional a encontrar soluções adequadas para lidar com as dificuldades econômicas relacionadas às oscilações de valor do produto no mercado, enquanto o Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento ficou encarregado de oferecer a mesma contrapartida financeira para auxiliar a iniciativa privada. As instabilidades mercadológicas que rondam o petróleo, no entanto, se não forem combatidas com medidas severas e agressivas, prometem afundar o país em uma grave e insuperável crise, cujas reais proporções são ainda desconhecidas. 

    Como todos os países da região, o Azerbaijão se ressente profundamente de seu passado soviético, que invariavelmente herdou e incorporou em sua administração política todos os rigorosos ditames do modelo socialista. Com um governo totalitário, que enfrenta acusações de autoritarismo, abuso de direitos humanos e elevadíssima disseminação da corrupção, o Azerbaijão, apesar das prerrogativas e objeções, tem sido capaz de manter um nível estável de desenvolvimento que o coloca acima da média quando comparado aos demais países da região. O desenvolvimento dos setores tecnológico, científico, aeroespacial e de comunicação, impulsionados pelo rápido crescimento econômico proporcionado pela exportação de gás e petróleo, sem dúvida nenhuma deram novo fôlego à rápida modernização do país, que tornou-se uma próspera e inigualável referência como uma modesta potência local. Os baixos níveis de desemprego e analfabetismo estão também entre os principais fatores sociais que colocam este pequeno país entre os mais distintos e notáveis da região do Cáucaso. 

    Com o fim da era soviética, no início da década de 1990, foi deflagrada uma guerra entre armênios e azeris, que passaram a disputar a região autônoma de Nagorno-Karabakh. Os anos seguintes viram o Azerbaijão afundar em um caos político e ideológico ainda mais virulento e conspícuo, que faria a nação presenciar violentos, sintomáticos e sucessivos golpes de estado, antes que uma sólida, mas ao mesmo tempo frágil estabilidade, pudesse finalmente viabilizar um rumo salutar ao país. Não obstante, os dirigentes governamentais azeris foram capazes de reestruturar a nação depois da guerra, e coloca-la em um novo patamar de relevância externa. Hoje, fazendo parte de 38 organizações internacionais, e mantendo relações diplomáticas com 158 países, o Azerbaijão parece ter sido capaz de deixar para trás a sordidez de seu atribulado passado conturbado e instável, consolidando uma perspectiva de futuro impossível de se vislumbrar no período soviético. Algo que ainda há de ser conquistado por diversos países da região.

    Surpreendentemente, seu modesto tamanho não impediu que o Azerbaijão se tornasse uma das nações mais culturalmente férteis do mundo. Apesar de uma escassa presença global, a produção de cinema, música, literatura, festivais, artes visuais, e preservação e difusão de tradições locais, entre muitas outras formas de expressão artística, demonstram o multifacetado e expressivo mosaico que compõe a polivalente cultura da sociedade azeri. Como se isso não bastasse, enriquecendo todo este intrínseco e expansivo legado cultural, diversas línguas são faladas pelo país inteiro. Apesar de o azeri ser o idioma majoritário, o russo, o armênio, o lezgui, o rutul, o avar e o georgiano, entre muitas outras línguas, são amplamente falados no Azerbaijão. Diversas rádios por todo o território nacional transmitem conteúdo em diversos idiomas, o que reforça o rico caráter linguístico da nação. 

    As ambições do governo, no que diz respeito ao crescimento e a expansão das atividades nos âmbitos científico e tecnológico tornaram-se igualmente visíveis e relevantes, em virtude dos invejáveis resultados obtidos em anos recentes. Dia 7 de fevereiro, completará três anos que a Agência Nacional Aeroespacial do Azerbaijão lançou o seu primeiro satélite, para transmissão de sinais de televisão, rádio e internet. A permanência e a relevância do Observatório Astrofísico Shamakhi, que recentemente completou 56 anos, parece consolidar a promessa de um progresso tecnológico sério e constante, que conta com o apoio dos dirigentes governamentais azeris aliados a profissionais diligentes e competentes, comprometidos com o desenvolvimento das áreas tecnológicas e científicas. Na área do turismo, diversas medidas estão sendo radicalmente implementadas para realçar o potencial turístico da região, e tornar o Azerbaijão um destino turístico de elite.

    Apesar do rápido progresso e do fantástico desenvolvimento recente do país, o Azerbaijão, como qualquer nação do mundo, tem muitas adversidades e problemas a serem resolvidos. Ao buscar soluções para uma economia que parece cada vez mais instável e declinante, o governo azeri e a iniciativa privada terão que se unir de uma forma sólida e consistente, se pretendem manter seu pequeno país como uma liderança exemplar do Cáucaso, o que seria no mínimo conspícuo negligenciar, em virtude da estratégica localização geográfica que o Azerbaijão ocupa, em uma importante região onde a Europa encontra a Ásia. Não obstante, como em todos os casos similares, apenas o tempo dirá que tipo de resultados os dirigentes governamentais azeris serão capazes de atingir. Apesar de vislumbrar o futuro com certo otimismo, os problemas e os desafios do presente acabam delineando, de fato, os rumos e os caminhos a serem trilhados. E o excesso de otimismo sempre acaba ofuscando as necessidades pragmáticas exigidas no presente.