CAMPO GRANDE (MS),

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    23/11/2015

    O Estado Islâmico e as consequências do terrorismo no ocidente

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    As atrocidades cometidas e reivindicadas pelo Estado Islâmico no último mês não são uma novidade para ninguém que têm acompanhado nos noticiários, nos jornais e na web, os terríveis, hediondos e sangrentos morticínios, perpetrados por aquela que, atualmente, é a mais nociva, perigosa, radical e violenta organização terrorista do mundo. Autores de diversos atentados, como o que causou a explosão do voo 9268 da Metrojet, no dia 31 de outubro, que ia da Península do Sinai, no Egito, a São Petersburgo, na Rússia, e que acabou com 224 mortos, das explosões em Beirute, capital do Líbano, no dia 12 de novembro, em que dois terroristas suicidas detonaram explosivos em um subúrbio no sul da cidade, matando aproximadamente quarenta e três pessoas, além dos atentados de Paris, no dia 13 de novembro, que acabou com 136 mortos (incluindo sete terroristas) e 352 feridos, as brutais, ignominiosas e violentas campanhas de terror do Estado Islâmico do Iraque e da Síria (ISIL, na sigla em inglês, Islamic State of Iraq and the Levant), tem deixado literalmente o mundo inteiro – especialmente a Europa e os Estados Unidos – em estado de tensão, medo, preocupação, pavor, ansiedade, e, acima de tudo, com um enorme, visceral e imensurável sentimento de impotência. Sem saber exatamente quando e onde o grupo terrorista irá atacar novamente, os países engajados diretamente no combate ao EI – que atualmente são cerca de 60, ativos tanto de formas diretas quanto indiretas – ou afetados diretamente pelos atentados, estão decididos a pecar pelo excesso de cautela, ao invés da falta dela: na dúvida, rodoviárias, aeroportos e estações de metrô estão sendo evacuadas, espetáculos estão sendo cancelados, atividades ao ar livre estão sendo altamente desencorajadas, e a população está sendo alertada para evitar aglomerar-se em locais onde concentram-se grandes multidões. Desta maneira, um grupo de terroristas que, de acordo com estimativas da CIA, provavelmente possui um contingente que não deve passar de 31.000 indivíduos, está sendo capaz de deixar os grandes poderes políticos mundiais – a saber, Estados Unidos, Inglaterra e Rússia – além de outras nações europeias com considerável poderio militar e político – com as calças na mão, sem saber exatamente o que fazer, como fazer, e de que maneira fazer, o que mostra não apenas a gravidade do problema, mas a seriedade com a qual o mesmo deve ser tratado, especialmente pelo fato da vida de seres humanos estar em risco. De uma forma drástica, dramática e inclemente, o terrorismo mostra não apenas a extrema vulnerabilidade na qual encontram-se os países alvo, mas a surpresa bombástica com a qual o mesmo ocorre, capaz de alterar uma situação, e conflagrar o caos, das maneiras mais absurdas possíveis, em questão de alguns poucos segundos. 

    O que é o Estado Islâmico, e o que reivindica? 

    O Estado Islâmico é um grupo terrorista, composto por árabes sunitas, que, em sua maioria, são iraquianos e sírios, seguidores de duas vertentes radicais do islamismo, o wahabismo e o salafismo, cujas doutrinas fundamentalistas inflexíveis são frequentemente definidas como austeras, radicais e ultraconservadoras. Tais doutrinas rejeitam veementemente abordagens inovadoras com relação à prática religiosa, pregam um islamismo puro, completamente voltado para a ortodoxia das crenças, e exortam a uma estrita aderência à Sharia, ou lei islâmica. Embora estas ramificações filosóficas do islamismo não sejam necessariamente nocivas, nem defendam a indiscriminada mortandade de outras raças ou grupos religiosos, a interpretação radical de tais doutrinas, como conjuradas por jihadistas extremistas, transformaram-se em um expansivo e exacerbado núcleo de fanatismo violento, que não tolera diferenças, raças, culturas ou crenças divergentes, dentro do contexto cultural da sociedade árabe. A adoção dos ensinamentos do salafismo por jihadistas, por sua vez, deu a luz uma interpretação radical da doutrina, que acabou criando uma agressiva e destrutiva ideologia, conhecida como Salafi jihadismo. 

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    O Estado Islâmico tem suas origens no grupo terrorista denominado Organização do Monoteísmo e da Jihad ( جماعة التوحيد والجهاد‎, em árabe), que, tendo iniciado suas atividades em 1999, começou suas operações no Iraque e na Jordânia, realizando 

    campanhas suicidas contras mesquitas xiitas, instituições governamentais e bases militares estrangeiras, além de oferecer formidável e eficiente resistência à ocupação americana no Iraque. Depois de alguns anos de expansão e reformulação, o grupo absorveu células terroristas aleatórias e filiou-se a muitas outras, estendendo sua zona de ação e influência. Com o passar dos anos, mudou de nome diversas vezes. Desde 29 de junho de 2014, o grupo passou a denominar-se apenas como Estado Islâmico.

    O Estado Islâmico reivindica a consolidação de um califado mundial, que terá como dirigente supremo o califa Abu Bakr al-Baghdadi (em árabe أبو بكر البغدادي‎), atual líder do Estado Islâmico. De acordo com suas próprias diretrizes, o EI afirma que suas progressivas conquistas territoriais anunciam o avanço do califado, que invalida a autoridade de todos os governos e grupos nacionais existentes, conforme seus territórios vão sendo progressivamente absorvidos pelo Estado Islâmico. 

    Como o Estado Islâmico é financiado?

    O Estado Islâmico financia suas atividades através de diversas atividades ilícitas e ilegais, como sequestros, extorsões, e exorbitantes cobranças indevidas de impostos, para citar apenas algumas de suas maneiras de obter ganho financeiro. Além destas, a expropriação ilegal de refinarias de petróleo vem a ser uma das maiores fontes de renda do grupo terrorista. Existem indícios de que o grupo utiliza até mesmo plataformas de crowdfunding, para aumentar seus dividendos. 

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    Adeptos da mídia, das redes sociais, e de todas as formas e maneiras de se manter em evidência, o que não pode ser ignorado com relação ao Estado Islâmico é que ele é o mais destrutivo, mais agressivo e mais intransigente grupo terrorista da atualidade. Inflexíveis, radicais e desumanos, nem um pouco dispostos a acordos, sua completa e total erradicação é não apenas uma questão vital para a paz da Europa, mas também do mundo. Empregando técnicas desumanas, como enforcamentos, decapitações, massacres e genocídios – nem sequer poupando mulheres ou crianças de sua hostil barbárie vil e cruel –, para mencionar apenas algumas de suas atrozes e viscerais formas de exercer a brutalidade, além de fazer da vida da população um tormento sem comparação nas áreas por eles dominadas, o Estado Islâmico também controla territórios no Afeganistão, na Nigéria e na Líbia – entre outros países – exercendo, literalmente, um verdadeiro reinado de terror, sob o seu domínio feroz e implacável. De uma forma ou de outra, esta é uma história que ainda está longe de terminar. Infelizmente, ainda haverá muita mortandade, e muito sangue derramado, em meio a um conflito que parece estar apenas começando. E, para variar, os grandes poderes mundiais parecem estar mais desnorteados do que nunca, falando muito e fazendo pouco. Com pouca ou nenhuma cooperação entre si, realizando ataques desconexos, descoordenados, mal planejados, mal executados e tardios, tudo o que conseguirão fazer, se continuarem assim, será enfurecer ainda mais o Estado Islâmico, ao invés de acabar com ele. Assim, o Estado Islâmico se fortalece, pelo fato de que seus muitos inimigos, intransigentes demais para suprimirem as suas diferenças, e unirem-se pela causa comum, são incapazes de organizar uma coerente e coesa coalizão, para combate-los.