CAMPO GRANDE (MS),

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    26/10/2015

    Os Negócios Ilícitos de Pavel Tykač

    Pavel Tykač

    Pavel Tykač, o controverso empresário tcheco que, de acordo com a revista Forbes, é o quinto indivíduo mais rico da República Tcheca, tendo uma fortuna estimada em aproximadamente um bilhão de dólares, tornou-se notório nos últimos anos por suas dúbias associações com magnatas e multimilionários igualmente controversos, e por transações questionáveis que acabaram ganhando os holofotes da mídia internacional, sendo alvo de intensas especulações públicas, investigações policiais e processos judiciais ao longo dos anos. 

    Tendo se inserido e atuado em diversos mercados, como o financeiro, o bancário, o imobiliário, o de mineração, energia, e computação, entre muitos outros, para Pavel Tykač o que parece importar são os lucros, não a maneira como são obtidos, tampouco a profissão, ou o ramo de negócios através do qual tais lucros são gerados.

    Tendo iniciado sua lucrativa carreira quando a Tchecoslováquia ainda era um país, e não dois, Pavel Tykač, com diversos associados, fundou nos anos 1990 uma companhia chamada Vikomt, especializada em importar computadores, e cobrar adiantadas as elevadas quantias que seus clientes pagavam pela mercadoria. Logo depois, vendendo sua parte da Vikomt, Tykač ingressou na Regiobanka, se inserindo no mercado de ações e investimentos, saindo não muito tempo depois, ao vender sua parte para uma companhia chamada IPB, demonstrando, assim, um modus operandi peculiar, que se repetiria de forma consistente pelas diversas empresas nas quais passaria. Com a vasta fortuna – adquirida em pouquíssimo tempo, diga-se de passagem – que fez nestas duas companhias, foi capaz de tornar-se um dos sócios majoritários do Grupo Financeiro Motoinvest, e posteriormente, seu maior dignitário, dirigente, e por fim, diretor geral, quando comprou o grupo através de uma empresa do qual era o proprietário. Não obstante, Pavel Tykač ainda pôde contar, nos bastidores, com um conselheiro oculto, o homem que fora o líder do banco estatal da Tchecoslováquia, um indivíduo chamado Svatopluk Pokáč, que foi instrumental em fazer com que Tykač e todos os seus associados aumentassem consideravelmente suas tão elevadas fortunas. Tendo a intenção de se consolidar como uma enorme corporação financeira de mercado, o objetivo claro do grupo era acumular fundos e ações de investimentos em transações controladas por bancos estatais, transformando-se, assim, em um enorme cartel financeiro.

    Não obstante, a enorme fortuna que a companhia fez, em questão de pouco tempo, não se justificava pelos seus investimentos, o que levou muitos a especularem que outras fontes de renda não declaradas a empresa teria, e isso rapidamente chamou a atenção da mídia, das autoridades, de grupos internacionais, e agentes da lei. Logo, Tykač, em virtude de muitas outras transações, negócios e companhias, ficou sob a mira da Interpol, que também passou a investigar muitos de seus associados, entre eles, um empresário liechtensteinense chamado Kurt Franz, e um advogado suíço, chamado Sergio Bossi. Tykač, também envolvido no mercado imobiliário, teria aparentemente atuado em uma das companhias de Kurt Franz, comprando-a mais tarde. No entanto, sendo Liechtenstein uma das nações mais ricas do mundo, e um notório paraíso fiscal, suspeitas de lavagem de dinheiro foram rapidamente consideradas pela Interpol, que nunca foi capaz de comprová-las. 

    Também envolvido na extração de carvão – negócio que lhe gera considerável parte de sua fortuna – e que lhe rende inúmeras controvérsias em seu país, em virtude das maneiras pouco ortodoxas de Tykač lidar com seus competidores, o envolvimento de Tykač no mundo financeiro mostrou-se não menos nocivo e desastroso, tendo sido o responsável direto pela falência de diversos bancos, por meio do que parecem ter sido vultuosas operações financeiras fantasmas, envolvendo enormes discrepâncias entre fundos ativos e passivos. Tais desastres renderam-lhe a alcunha de “Praga do Mercado”. Tykač chegou a recorrer à justiça para impedir veículos da imprensa de utilizarem a depreciativa alcunha em conexão com o seu nome, no entanto, não lhe deram ganho de causa. 

    É necessário salientar que, ainda que inúmeras investigações tenham sido realizadas, e muitos de seus associados tenham ido parar atrás das grades, Pavel Tykač tem sido capaz de se manter em liberdade, e se evadir da lei, nunca tendo sido encarcerado pelas infrações de que foi acusado. Isso se deve a falta de evidências, ou ao fato de que Tykač estaria comprando sua liberdade daqueles que poderiam encarcerá-lo? Ou ainda, seria inocente de todas as acusações feitas contra ele? 

    Não há dúvidas de que sua habilidade de se manter fora do alcance da justiça tem relação com sua enorme fortuna, tendo Pavel Tykač amplos recursos financeiros para comprar as pessoas certas. No entanto, sem evidências concretas e irrefutáveis – algo que até o momento se mostrou impossível providenciar – é fútil e espúrio acusá-lo por seus supostos crimes. Se torna muito fácil, dessa maneira, para seus inúmeros advogados representa-lo, e assim, Pavel Tykač continuará sendo o soberano monarca financeiro da República Tcheca, atuando impunemente, em negócios aviltantes e escusos, sempre a serviço do único deus a que serve, o dinheiro. 

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