CAMPO GRANDE (MS),

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    11/10/2015

    A Intervenção Russa na Guerra Civil da Síria – Solução, ou intensificação do problema?

    Reprodução

    Com o envolvimento da Rússia na guerra civil que continua a castigar a Síria, os comentaristas políticos, jornalistas e observadores do mundo inteiro se perguntam quais serão os possíveis resultados, gerados por uma intervenção militar estrangeira. É impossível saber no presente momento, mas o fato é que dificilmente a situação irá melhorar, especialmente pelo fato de tanto Rússia quanto Estados Unidos estarem agora – mais do que nunca – envolvidos nas hostilidades, e, para complicar uma situação que por si só já é difícil, atuando e apoiando lados opostos.

    Afirmando categoricamente que o governo de Bashar al-Assad é legítimo, a Rússia, mais especificamente na pessoa do presidente Vladimir Putin, expressou a opinião de que parte da culpa pelo problema é dos Estados Unidos, que apoia logisticamente – e agora também, ativamente – os grupos rebeldes, considerados terroristas usurpadores pelos russos, que agora realizam uma intervenção direta pelo governo “legítimo” de Bashar al-Assad, enquanto o governo americano, através de apoio direto e indireto, assiste a grupos de oposição, como o Exército da Conquista, e busca também combater ativamente o temerário e inescrupuloso Estado Islâmico, em uma virulenta guerra contra o terror, que tende apenas a piorar, e intensificar-se cada vez mais. Dessa maneira, o panorama que se desenrola nos bastidores coloca mais uma vez americanos e russos nos seus inflexíveis papéis de virtual e veemente oposição, que eclode em uma guerra indireta entre Rússia e Estados Unidos, levando em consideração um escopo de interesses adversos e conflitantes, que tem como pano de fundo o belicoso e infernal barril de pólvora do Oriente Médio, que agora já envolve, além dos países citados, também o Iraque, o Irã, o Catar, a Turquia e a Arábia Saudita (tanto de formas diretas como indiretas), entre outros. E dessa maneira, milícias, agências policiais e governamentais, células terroristas, grupos rebeldes, núcleos de resistência e unidades de contraterrorismo se atacam e se destroem mutuamente, em um constante conflito, que cria contingências cada vez mais graves, perpetua o caos, e não resolve o problema, de nenhuma forma ou maneira possível.

    Enquanto isso, o mundo observa a hipocrisia das relações políticas: enquanto Vladimir Putin e Barack Obama estão constantemente acusando-se mutuamente por suas respectivas posições políticas divergentes quando não estão na presença um do outro, parecem sempre se cumprimentar e diplomaticamente se tolerar com boas maneiras diante dos holofotes em cerimônias políticas públicas, mas evidentemente nenhuma solução será antecipada, enquanto ambos não discutirem abertamente o problema, sem chegar a um consenso.

    Homens de estado podem ter o dom da diplomacia, mas não o dom para solucionar problemas. Enquanto isso, máquinas de guerra, armas, suprimentos, bombas e munição bélica alimentam o voraz contingente destrutivo da guerra, suprindo às belicosas engrenagens do morticínio cada vez mais horror, mortandade e destruição. E a história nos mostra que a intervenção estrangeira apenas prolonga e piora o sofrimento de uma guerra, e raramente apresenta-se como uma benéfica e duradoura solução plausível. Especialmente quando cáusticos, cínicos e insidiosos interesses econômicos, políticos e financeiros são claramente os objetivos primordiais, ao invés dos humanitários, cada vez mais esquecidos e negligenciados, no mundo de hoje.