CAMPO GRANDE (MS),

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    21/09/2015

    Europa – Como este distante e fascinante satélite de Júpiter tem intrigado astrônomos do mundo inteiro

    Reprodução

    Apesar de Júpiter ter mais de sessenta satélites em órbita, é Europa que tem recebido grande atenção dos astrônomos do mundo inteiro nos últimos anos. Fazendo parte do quarteto – juntamente com Io, Calisto e Ganimedes – frequentemente descrito como as “Luas Galileanas de Júpiter”, assim chamadas por terem sido descobertas pelo notório astrônomo italiano Galileu Galilei (1564 – 1642) – embora existam fortes indícios de que um astrônomo alemão, chamado Simon Mayr (1573 – 1624) possa ter igualmente descoberto Europa mais ou menos pela mesma época – de acordo com as descrições dos astrônomos e cientistas que tem estudado Europa nos últimos anos, o satélite possui uma superfície completamente congelada, que resguarda, muitos metros abaixo de sua superfície, um hipotético e vasto oceano, que, há muito, especula-se, possa resguardar uma, ou diversas formas de vida. Apesar de nada ter sido comprovado até o momento, fortes evidências tem animado a comunidade científica, que afirma ser considerável, no especulativo ambiente aquático subterrâneo de Europa – e em sua atmosfera composta primariamente de oxigênio – a enorme possibilidade de haver vida, fora da Terra. Distante de Júpiter em aproximadamente 670.900 quilômetros – e do Sol em aproximadamente 780 milhões de quilômetros, Europa – a menor das luas galileanas, sendo também um pouco menor que a Lua terrestre – leva três dias e meio para orbitar o gigante gasoso do Sistema Solar, e, há exatamente um ano, cientistas da NASA anunciaram a importante descoberta de fortes evidências que indicam a existência de placas tectônicas na fina camada de gelo que compõe a superfície de Europa, fazendo com que, pela primeira vez na história da astronomia, tal característica geológica seja encontrada no Sistema Solar, em algum lugar além da Terra. 

    Com uma acidentada superfície estriada, e pouquíssimas crateras, o que indica que – ao contrário de boa parte dos demais planetas e satélites do Sistema Solar – Europa raramente é atingida por meteoros, ou outros objetos vindos do espaço, sua composição clara, cristalina e com pouquíssimas características geográficas proeminentes – excetuando-se as inúmeras fendas e fraturas tão comuns à sua superfície – há muito tem intrigado cientistas, pesquisadores e curiosos do mundo inteiro. No entanto, é provável que as pesquisas continuem apenas à distância, daqui da Terra, com o envio de equipamentos espaciais e sondas não tripuladas. Em virtude de encontrar-se inserida no vasto campo de abrangência da enorme magnetosfera de Júpiter, planeta este que já foi descrito como uma fornalha de radiação nuclear – apesar de ser invisível, a magnetosfera jupteriana vêm a ser o que existe de maior no Sistema Solar – ela faz com que Europa, assim como todos os satélites de Júpiter em seu alcance, recebam doses massivas de radiação diariamente, que seriam potencialmente letais para um ser humano, o que torna improvável que missões de exploração tripuladas venham a ocorrer, algum dia. 

    O fato de sua atmosfera ser composta primariamente de oxigênio é outro fator igualmente intrigante, mas, apesar de apoiar hipóteses que sustentam formas de vida biologicamente similares às existentes aqui na Terra, muito ainda deve ser percorrido, antes que os seres humanos possam vencer os intransponíveis obstáculos que permitiriam explorar Europa mais de perto, e verificar, in loco, quão factuais são as possibilidades levantadas pela comunidade científica. Mas seja como for, a exploração continua, ainda que à distância. Este ano, a Nasa confirmou ter dado início à missão Europa Clipper, que tem por objetivo principal averiguar as probabilidades de habitabilidade do satélite. Outras missões, que tem por propósito investigar o real potencial biológico de Europa, além de confirmar se o oceano que existe debaixo de sua superfície de gelo é real, ou não, encontram-se em fase de desenvolvimento. 

    Não obstante, apesar de inúmeras e significativas descobertas terem sido realizadas nos anos mais recentes, a comunidade científica, com todo o seu entusiasmo e empolgação, parece estar apenas iniciando suas investigações astronômicas sobre o intrigante satélite galileano. Certamente, muitas outras novidades interessantes serão descobertas e reveladas nos anos que virão, e quem gosta e entende de astronomia acompanhará de perto os curiosos desdobramentos, que certamente ocorrerão à respeito de Europa, nos anos à frente.



    Por: Wagner Hertzog