CAMPO GRANDE (MS),

  • LEIA TAMBÉM

    13/07/2015

    A ilha-nação de Bahrein: do progresso expansivo à Primavera Árabe

    Divulgação

    A pequena, mas próspera ilha-nação de Bahrein, arquipélago de trinta e sete ilhas, das quais apenas três são habitadas, é um dos mais desenvolvidos países do Golfo Pérsico. Tendo por nações vizinhas a Arábia Saudita a oeste, o Irã a nordeste, e o Catar a sudeste, Bahrein possui

    uma população de aproximadamente um milhão e duzentos mil habitantes, dos quais mais da metade são de cidadãos expatriados. Tendo um dos mais elevados índices de desenvolvimento humano da região, Bahrein atualmente é a economia que mais cresce no mundo árabe, além de ser considerada a mais livre do Oriente Médio, sendo classificada, de acordo com o Index de Centros Financeiros Globais, como o centro financeiro que mais cresce no mundo. 

    Tendo uma economia que até a poucos anos tinha no petróleo sua principal fonte de renda, Bahrein foi a primeira nação da região que buscou diversificar sua economia, apostando no turismo e no setor bancário, que, eventualmente, tornaram-se referências entre os estados árabes. Na contramão de todo este desenvolvimento, no entanto, o país, além de possuir um passado turbulento, marcado por um período cruel de domínio totalitário, que incorreu em prisões arbitrárias, detenções, torturas e exílio, além de muitas outras graves violações dos direitos humanos, invariavelmente se viu, em anos recentes, contaminado pela onda de protestos que gerou a Primavera Árabe por diversos países no Oriente Médio, e que inspirou em Bahrein a maioria xiita a lutar por seus direitos, e a exigir reconhecimento de seus governantes sunitas, o que tem mantido Bahrein, desde 2011, em um estado de degradante retrocesso, e caótica instabilidade política e social. 


    Divulgação

    Não obstante, parece que nem mesmo todos estes problemas foram capazes de refrear o desenvolvimento da nação, que, desde 2005, é sede de um proeminente evento cultural, intitulado "Primavera da Cultura", e teve, em 2012, sua capital, Manama, nomeada Capital da Cultura Árabe, sendo, em 2013, nomeada a Capital do Turismo Árabe. Com uma cultura relativamente cosmopolita, em virtude do enorme fluxo de estrangeiros estabelecidos em seu território, os baremitas, cuja maioria são muçulmanos, são conhecidos por serem tolerantes com quem pratica outras religiões, e as regras concernentes a indumentária feminina são consideravelmente mais flexíveis, se comparadas aos demais países árabes, com trajes ocidentais sendo relativamente comuns por todo o país, especialmente entre os homens. Outra característica marcante de Bahrein, que a destaca de modo ímpar em todo o mundo árabe, é o seu notável mercado editorial. Para uma nação tão pequena, possui uma média de livros publicados muito superior a de todos os países vizinhos. Em 2005, cento e trinta e dois títulos foram publicados, para uma população que então contava com cerca de setecentos mil habitantes, enquanto a média, no restante do mundo árabe, é muito inferior, sendo de apenas sete livros, para um milhão de habitantes. 

    Sendo uma nação de amplos, complexos e paradoxais contrastes, Bahrein certamente é uma nação que ainda irá surpreender o mundo, no cenário internacional, a despeito de seu diminuto tamanho. Evidentemente nem sempre se destacando exclusivamente por seus pontos positivos, esta pequena ilha-nação, que em 1521 foi ocupada pelos portugueses, que foram expulsos pouco menos de um século depois, atualmente é lar de nepaleses, indianos, filipinos, e paquistaneses, entre muitas outras nacionalidades, que lá se estabeleceram, em busca dos elevados padrões de vida que Bahrein tem a oferecer. Sendo uma pequena, porém inigualável pérola do Oriente Médio, além de uma forte referência para o mundo árabe, em particular, Bahrein parece ter à sua frente um cenário bastante dúbio, que, se por um lado parece promissor e cativante, por outro lado, tem um aspecto bastante incerto e nebuloso. 

    O que sabemos, no entanto, é que para uma nação tão pequena, sua relevância no cenário internacional têm sido cada vez maior, e apenas o futuro dirá se, como nação, os baremitas serão capazes de caminhar em direção à construção de um sólido futuro, ou se irão descarrilar de vez para o completo caos. É esperar para ver. 


    Por: Wágner Herzog

    CURRICULUM