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    30/06/2015

    Bangladesh - O Próximo Tigre Asiático?

    Divulgação

    Bangladesh é um pequeno país do sul da Ásia, que faz fronteira em todas as suas direções com a Índia, com exceção de uma pequena parte do seu território, a sudeste, que faz fronteira com a Birmânia, e ao sul, com o Golfo de Bengala. Embora, em tamanho, seja apenas um pouco maior que o estado do Amapá, é a oitava nação mais populosa do mundo, tendo, em seu diminuto território, aproximadamente cento e sessenta milhões de habitantes, cuja maioria - 98% - são bengalis. 

    Embora tenha sido incluída no grupo conhecido como "Os Próximos Onze" – lista de prospectivos países hipoteticamente propensos a estarem, em um futuro próximo, entre as maiores economias do mundo – Bangladesh tem lutado contra diversos problemas aparentemente insolúveis, como corrupção, pobreza, fome, analfabetismo, um rudimentar sistema educacional, violência, serviços de saúde precários, falta de assistência social efetiva, instabilidade política e incompetência governamental. Com um passado não menos turbulento, Bangladesh conquistou sua independência do Paquistão em 1971, após uma violenta guerra, que sujeitou a população bengali a uma horrenda e atroz campanha de genocídio, executada pelas forças militares paquistanesas. Não obstante, a chamada Guerra de Libertação Bengali, que ocorreu de 26 de março a 16 de dezembro de 1971, viu o êxito triunfal do território então conhecido como Paquistão Oriental, que, com o apoio da Índia, emergiu vitorioso do conflito, tornando-se a República Popular de Bangladesh. 

    A despeito de seu modesto tamanho, Bangladesh é um dos países mais culturalmente férteis do mundo, tendo uma vasta e colossal produção em áreas tão diversas como literatura, cinema, música, arquitetura, arte têxtil, indumentárias típicas, culinária tradicional, e festivais culturais, entre muitos outros atrativos, que dão a Bangladesh, além de um exótico e peculiar charme local, relativo destaque no cenário internacional. Apesar de suas lutas internas e de seus modestos recursos, Bangladesh consegue ser um dos maiores contribuintes para as forças de paz das Nações Unidas, tendo participado de 54 missões de pacificação em diversos países ao redor do mundo, além de ser o maior aliado dos Estados Unidos na Ásia Meridional, o que têm contribuído para enormes investimentos americanos em território bengali. No entanto, o país tem como o seu maior aliado estrangeiro a Índia – nação com a qual compartilha um passado histórico em comum, além de diversos vínculos sociais e culturais – que consolidou o seu relacionamento com o país vizinho, ao apoiá-lo na guerra pela independência contra o Paquistão. Em anos recentes, os dois países fortaleceram ainda mais as relações entre si, comprometendo-se mutuamente em consolidar uma sólida parceria no combate ao terrorismo. 

    Surpreendentemente, as relações comerciais com o Brasil também têm crescido exponencialmente. Após um longo período de relações diplomáticas frias, quase inexistentes, em anos recentes, o comércio entre os dois países superou a marca dos setecentos milhões de dólares, e, em função disto, cooperações entre Brasília e Daca cresceram de modo significativo. Para um futuro próximo, as duas nações pretendem colaborar, de forma conjunta, de diversas maneiras, com foco especial no comércio e na agricultura. Além disso, em virtude de sua elevada capacidade de manter fortes, porém amistosas relações em âmbito comercial, financeiro, cultural e militar com países tão diversos como Reino Unido, China e Rússia, Bangladesh tem sido considerada um exemplo de flexibilidade e moderação política pela comunidade internacional, por priorizar uma agenda que, até o presente momento, tem mostrado ser diplomática, aberta, razoável e construtiva, o que tem atraído considerável visibilidade ao país, por sua abordagem política que prioriza a sensatez, o crescimento social e econômico, e a convergência de interesses mútuos. 

    Se Bangladesh chegará a ser, ou não, uma nação tão desenvolvida quanto o Japão ou Cingapura, apenas o tempo dirá, mas, ao que tudo indica, está no caminho. O que certamente não lhes falta é energia, comprometimento e disposição para atingir os objetivos estabelecidos, sejam eles de curto, médio ou longo prazo. Com certeza, muito em breve o mundo poderá ver os surpreendentes resultados do potencial de Bangladesh, bem como sua eventual transformação - por enquanto hipotética, é verdade - em um dos tigres asiáticos.


    Por: Wágner Herzog