CAMPO GRANDE (MS),

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    03/10/2013

    Governo e empresários cobram medidas do governo federal e mostram otimismo no setor sucroenergético

    Foto: Rachid Waqued


    Dourados (MS) – O Governo do Estado, empresários e a Prefeitura de Dourados abriram na noite de ontem (2) a sétima edição do Congresso da Cana de Mato Grosso do Sul e a terceira Feira Sucro-energética e Metalmecânica – Canasul & Agrometal. Ao mesmo tempo em que têm preocupações pelas dificuldades atuais do setor, os organizadores – tanto as empresas, os parceiros, quanto o poder público – mostraram otimismo com o impacto positivo que essa indústria tem proporcionado ao desenvolvimento regional. Também cobraram do governo federal medidas que consideram urgentes para valorizar o setor, desde a área agrícola, até o preço do etanol produzido.

    O governador André Puccinelli lembrou que Mato Grosso do Sul vem investindo para superar a falta de estrutura que por muito tempo afastou investidores, e que essas melhorias, aliadas aos incentivos fiscais e tributários atraíram um grande número de empresas. O setor de açúcar, álcool e co-geração de energia foi uma das grandes apostas da atual gestão desde 2007 e respondeu com números positivos. “Entendemos que era preciso diversificar a matriz econômica e fizemos isso investindo no setor sucro-energético, na biomassa, nas florestas, na industrialização. Hoje estamos bem melhor que outros estados. Eram 11 usinas, hoje temos 25, sendo 22 em plena produção. Acredito que o ideal seria chegarmos a 40”, enumerou André, lembrando também o desempenho que o setor tem tido. “Elas aumentaram a moagem, fazem o mix de açúcar e álcool com a geração de energia – e o crescimento, graças também a este setor, fez com que passássemos de importadores para exportadores de energia elétrica. E para termos melhor logística de transmissão e pudéssemos equalizar potência conseguimos os linhões”, destacou.

    Puccinelli defendeu ações do governo federal para aumentar a competitividade do etanol e apontou que é preciso estabelecer um diferencial de 30% - não menos – entre esse combustível e a gasolina. Ele ainda revelou que o Estado está estudando se é possível alguma ação econômica local que dê esse suporte competitivo ao setor, enquanto o Ministério da Fazenda não toma a decisão que o setor precisa.


    Foto: Rachid Waqued

    Para André, a estabilidade do crescimento da indústria da cana em Mato Grosso do Sul vai ser ainda mais firme quando estiver totalmente ativa a rota interoceânica Atlântico-Pacífico, através do Chile. Assim como outros produtos, a produção sucroenergética pode ter aí um caminho mais rápido e barato para a Ásia e outros países do Pacífico. “Existe 1 bilhão e 400 milhões de pessoas na China; 1 bilhão e trezentos milhões na Índia; mais os japoneses, os coreanos. Mato Grosso do Sul já exporta muito de seus produtos para eles: 22% do nosso minério vai para lá, nossa soja vai muito para a China e abriremos brevemente as fronteiras das nossas carnes aos países asiáticos”, afirmou.

    Polo industrial

    Além de sediar o maior número de usinas, Dourados quer montar um grande polo industrial de equipamentos utilizados por estas empresas. Reafirmando a parceria nesse empreendimento, o governador André Puccinelli confirmou que ainda neste mês de outubro o Governo do Estado deverá fazer a escrituração da área para o núcleo industrial, que será passada à Prefeitura. O terreno vai ser destinado já contando com a infraestrutura básica de arruamento. “Com a área, a prefeitura poderá atrair mais empresas e consolidar esse grande projeto industrial do prefeito Murilo”, afirmou Puccinelli.

    O prefeito Murilo Zauith afirmou que os prefeitos de cidades que viram as usinas chegar e promover o desenvolvimento sabem o quanto o setor hoje representa em seus municípios. “E nós, agentes políticos, temos uma responsabilidade. Se criamos um ambiente para elas virem, queremos que tenham sucesso, que sejam perenes e sintam-se cada vez mais fortalecidas”.

    Otimismo

    Apesar das preocupações pelo momento do setor, com dificuldades que incluem os prejuízos causados pela geada, os empresários compartilham o otimismo do governador com a indústria. “O governo acreditou no setor como fator de desenvolvimento e fez isso acontecer”, disse o presidente da associação de produtores de bioenergia (Biosoul), Roberto Hollanda Filho. Representante da Federação da Agricultura (Famasul), Eduardo Riedel revelou que serão investidos R$ 7 milhões na parte agrícola, voltados para capacitação de mão de obra, especificamente para o setor sucroenergético. “Os sindicatos rurais estão abrindo suas portas, a Embrapa também tem papel fundamental. Temos a obrigação dar competitividade a nossos empresários. Esse arranjo está sendo construído pela Fiems, em parceria com a Famasul, a Biosul e outros atores”.

    Presidente da Biosul, Roberto Hollanda, com a secretária Tereza Cristina: aposta do governo no setor e desenvolvimento para os municípios


    Claudio George Mendonça, diretor-superintendente do Sebrae MS, destacou a importância da participação das pequenas empresas. “Elas estão sendo valorizadas nessa cadeia de produção. A rodada de negócios este ano vai ter mais de 60 empresas e expectativa de R$ 30 milhões em negociação com os pequenos fornecedores, fazendo com que consiga circular a riqueza que há na região”.

    De acordo com o vice-presidente da Federação das Indústrias, Sidnei Camacho, a inauguração em dezembro da ampliação da unidade Sesi Senai em Dourados – investimento de R$ 10 milhões – também dará suporte significativo para o setor.

    A secretária de Produção do Estado, Tereza Cristina Dias, observou que as cidades onde se instalaram as indústrias nessa fase de chegada mais forte do setor a Mato Grosso do Sul “só tiveram bons ‘problemas para resolver’”, com reflexos diretos em outros serviços e demandas positivas. “Casas, estradas, hotéis foram necessários, enfim, é o desenvolvimento chegando ao nosso estado”.



    Fonte: noticiasms
    Por: Gizele Cruz de Oliveira 
    Foto: Rachid Waqued